Epagri apoia agroindústrias familiares e divulga produção em grande evento do setor

O Itaipu Rural Show é a maior exposição segmentada do agronegócio no Sul do país, que acontece anualmente, em fevereiro, na cidade de Pinhalzinho, no Oeste de Santa Catarina. A edição de 2025 recebeu mais de 78 mil  visitantes e 328 expositores, entre eles representantes de agroindústrias familiares catarinenses. 

Durante o evento a Epagri promoveu, com grande destaque, o Pavilhão da Agroindústria Familiar Rural. O objetivo foi dar visibilidade à grande diversidade de produtos elaborados por pequenos produtores rurais do Oeste do Estado. Na área da Epagri estavam expostos produtos como salames, doce de leite, cachaças, geleias, cucas, bolachas e vinhos.

Público do Itaipu Rural Show conheceu a diversidade da produção da agricultura familiar do Oeste de Santa Catarina (Fotos: Karin Helena Antunes de Moraes / Epagri)

Panificados

Os casais Geraldo Buligan e Neiva Franz Buligan e André Weber e Caroline Weber se dedicam ao comércio de produtos panificados. São pães, bolachas e cucas produzidas nas cidades de Pinhalzinho e Palmitos, que são distribuídos para as escolas através da chamada pública voltada para a agricultura familiar, ou, vendidos para os consumidores em feiras e panificadoras.

Neiva afirma que começou a trabalhar com panificação depois de fazer os cursos da Epagri. Ela e o marido deixaram a criação de leite e há cinco anos se dedicam exclusivamente à produção de pães, bolos, pastéis e bolachas. 

Caroline Weber precisou abandonar o trabalho na cidade para cuidar da sogra e encontrou nas cucas um ponto de partida para uma nova vida. O que antes era um hobby e um complemento para o orçamento familiar se transformou em sua principal fonte de renda. A área de produção, improvisada na cozinha de casa, agora é um anexo equipado com maquinário completo adquirido através de programas de incentivo. “O pessoal da Epagri veio atrás, nos incentivou a evoluir. Se não fosse isso nós não teríamos nada, não teríamos como pagar pelo investimento no maquinário”, conta Caroline. Hoje ela e o marido produzem cucas, massas caseiras, bolachas e o carro-chefe, a tradicional käsekuchen, feita com massa podre e requeijão. 

André Weber reforça que a Epagri abriu muitas portas para o negócio do casal. Os extensionistas prestaram todo suporte e inclusive, viabilizaram a rotulagem dos produtos. Sobre a possibilidade de participar do Itaipu Rural Show o casal afirma que foi uma experiência única para ganhar visibilidade e representar o município de Palmitos.

Caroline e André encontraram na produção de panificados uma fonte de renda para a família

Apicultura

A apicultura e os produtos de valor agregado foram representados pela Enomel, empresa de Cunha Porã comandada por Enomar Raddatz. Raddatz desenvolve um trabalho em conjunto com a Epagri para atender aos apicultores do Oeste de Santa Catarina. Ele recorda que começou esta parceria há cinco anos, e, hoje, auxilia os extensionistas da região ministrando cursos, palestras e enviando abelhas para pesquisa em diversas unidades da Epagri. Com mais de 500 caixas espalhadas por cidades como Saudades, Cunhataí, Iraceminha e Cunha Porã, ele comercializa produtos e equipamentos voltados para a apicultura. Além disso, também são vendidas abelhas-rainha, enxames e produtos beneficiados como cera, própolis, hidromel, sabonetes e mel. 

Vinhos e Espumantes

Vilson Ghisleri, da vinícola Cave de Erminio, conta que sempre trabalhou no campo. Depois de algumas dificuldades financeiras deixou a produção de gado de leite e o cultivo de culturas como feijão, milho e fumo para se dedicar ao plantio de uvas. Isso porque, segundo ele, houve um programa de incentivo à fruticultura na cidade de Iraceminha. Depois de participar de uma feira de vinhos percebeu que havia a possibilidade de agregar mais valor aos produtos do campo. Através de políticas públicas conseguiu comprar o maquinário necessário para produzir e legalizar a vinícola. 

Atualmente trabalha com a linha de vinhos finos com as variedades Merlot, Tannat, Cabernet e Moscato. Na linha de vinhos de mesa comercializa bebidas produzidas com uvas Bordô, Niágara e Lorena, além de espumantes Brut e Moscatel. Ele reforça que sempre procura trazer um diferencial para o seu produto e é por isso que a atuação da Epagri é tão importante. Ghisleri afirma que fez uma série de cursos e que participou de muitas viagens técnicas promovidas pela Epagri. No momento está conversando com os extensionistas para viabilizar, no futuro, uma rota turística em Iraceminha e região. 

Os vinhos e espumantes produzidos por Vilson Ghisleri em Iraceminha agregam valor à produção de uvas

Cachaças e Licor

Os irmãos Gilson Pagliosa e Luciana Geremia deixaram a vida na cidade para se dedicar ao plantio de cana e à produção de licores e cachaças. Em 2017 surgiu o Alambique Aroma de Cana, em Águas de Chapecó. 

Gilson conta que algumas das frutas utilizadas na produção dos licores também são plantadas na propriedade, “o restante é comprado dos vizinhos, ou vem de fora”, diz. Eles revelam que no início tiveram muito apoio da Epagri para amadurecer ideias.

O alambique recebe visitantes que podem conhecer um pouco mais sobre o processo de produção das bebidas e no final, ainda participam de uma degustação. Os produtos são comercializados no local e também em feiras e lojas de produtos coloniais. 

Produtos Derivado de Cana de Açúcar

Kleiton Zwirtes é a terceira geração de produtores de cana. O plantio iniciado com o avô, que migrou do Rio Grande do Sul para Pinhalzinho, deu origem a Derivados De Cana Zwirtes. O primeiro produto a ser beneficiado foi o melado, logo em seguida o açúcar mascavo e os subprodutos como a rapadura e o puxa-puxa. 

Kleiton afirma que já realizou uma série de cursos na Epagri e que também plantou diferentes variedades de cana disponibilizadas pela empresa. Ele revela que planeja incluir a cachaça no sistema de produção para assim diversificar os produtos oferecidos aos consumidores.

Kleiton Zwirtes deu continuidade ao negócio familiar

Embutidos e carnes a vácuo

Em Cunhataí, três irmãos e suas esposas são os responsáveis pela produção da Embutidos Schmidt. Os principais produtos comercializados são a linguicinha e o salame, que segundo Alexandra Petry, são produzidos com carne de qualidade e com o mínimo de produtos químicos. “A defumação é feita de forma natural e o nosso lançamento, a linguicinha temperada, não possui corante”. 

Os produtos da Embutidos Schmidt podem ser encontrados em Maravilha, Pinhalzinho, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Iraceminha e algumas cidades do litoral catarinense. Alexandra conta que com o suporte da Cidasc a empresa conseguiu o selo SISBI-POA (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal),  que a torna apta para ser comercializada fora de Santa Catarina.

Ela afirma ter ficado muito feliz com o convite da Epagri para participar do Itaipu Rural Show. “Existe muito produto de qualidade nesta região. Queremos conquistar nosso espaço e expandir. Por isso, essa é uma oportunidade muito grande de poder divulgar a empresa”. 

Geleias, blends e chás

O casal Vanessa Schallenberger Knak e Leandro Knak levou para o Itaipu Rural Show uma série de geleias, blends, infusões e frutas desidratadas para drinks produzidos na cidade de Maravilha. Segundo eles, parte das frutas, como o morango e a amora, é plantada na propriedade. 

A empresa Do Pomar ao Pote começou a ganhar vida com a produção de geleias. De acordo com Vanessa, ao perceber que o morango estava sobrando, ela passou a produzir doces para evitar o desperdício. Ela revela que “Tudo começou com a Epagri. Faz 8 anos que nós fizemos o curso de jovens, ganhamos um câmara fria com recursos da Epagri, eu fiz o curso de mulheres, o Flor-E-Ser”. Vanessa recorda que a ideia de produzir blends surgiu durante o curso e que essa foi uma maneira de expandir e diversificar os negócios familiares. 

Os produtos produzidos por eles são vendidos majoritariamente pelas redes sociais e já foram enviados para o Mato Grosso e para Minas Gerais. Leandro e Vanessa esperam tornar a Do Pomar ao Pote ainda mais conhecida. 

Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc.

Saiba mais sobre a agroindústria familiar em Santa Catarina na reportagem da TV da Epagri: