Está tramitando no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o pedido para concessão da Indicação Geográfica (IG) do Alho Roxo do Planalto Catarinense, na categoria Denominação de Origem (DO). Uma IG indica que aquele produto tem características únicas, decorrentes das condições de clima, relevo e do saber-fazer local. A IG está sendo solicitada pela Cooperativa Regional Agropecuária do Meio Oeste Catarinense (Copar), que conta com apoio da Epagri, Sebrae e UFSC no processo.
A solicitação apresentada ao INPI delimita a IG do Alho Roxo do Planalto Catarinense na área abrangida pelos municípios de Caçador, Lebon Régis, Frei Rogério, Fraiburgo, Monte Carlo, Brunópolis e Curitibanos. São 482 produtores que cultivam 1.314 hectares da hortaliça. A região é a terceira maior produtora de alho do Brasil, com aproximadamente 12.000 toneladas colhidas ao ano, que abastecem os mercados nacional e internacional.
Hamilton Justino Vieira, pesquisador da Epagri que está atuando no processo da IG, explica que a região produz um alho diferenciado no país. Ele tem túnica branca, película dos dentes totalmente roxa e menos de 22 dentes bem formados. “Suas qualidades intrínsecas singulares o classificam como alho nobre”, pontua.
Influência do ambiente
Tais características decorrem do ambiente onde é produzido. Pesquisas recentes realizadas pela Universidade Federal de SC (UFSC) demonstram que as qualidades do alho roxo do Planalto Catarinense são essencialmente ligadas ao meio geográfico, que além da coloração, influencia no teor de compostos voláteis e de antocianinas.
Além das condições edafoclimáticas da região de cultivo, o manejo realizado pelas famílias agricultoras do Planalto Catarinense também influencia no produto final. “O processo de cura pós-colheita, por mais de três meses à sombra, em molhos distribuídos em estaleiros nos galpões das propriedades, é uma prática singular deste território que define uma paisagem rural única”, sentencia o pesquisador da Epagri.
Produção teve início na década de 1970
A produção e seleção de alhos nobres em Santa Catarina iniciou no final da década de 1970, com o agricultor Takashi Chonan, seguido pelo agricultor Masanori Ito, ambos de origem japonesa. De lá para cá, a produção concentrou-se essencialmente na agricultura familiar, o que imprime um manejo dedicado e um senso de observação sobre o cultivo. Resultado disso foi a seleção que deu origem às sete variedades cultivadas hoje na região: Ito, Quitéria, Caçador, Contestado, Jonas, Ito HF e Chonan. Todas derivam da variedade Chonan, primeiro cultivar de alho roxo registrado.
Epagri, Sebare e UFSC estimam que até o final de 2025 o INPI tenha avaliado o processo e definido a concessão da IG do Alho Roxo do Planalto Catarinense. Na Epagri, o trabalho envolve extensionistas dos municípios abrangidos pela IG e pesquisadores de diferentes unidades da Empresa. Estes profissionais atuaram como animadores do processo e fizeram a caracterização ambiental da área da IG, entre outras funções. Hamilton relata ainda que a Epagri está produzindo um livro que relata a história do alho roxo em Santa Catarina. A expectativa é de que a obra seja concluída até o final do ano.