Estudo da Epagri comprova: macroalgas cultivadas em SC são boas captadoras de carbono da atmosfera

Um estudo da Epagri avaliou  a capacidade de as macroalgas Kappaphycus alvarezii, cujo cultivo vem crescendo em Santa Catarina, capturarem carbono (C) da atmosfera através da absorção do dióxido de carbono (CO2), um dos gases causadores do efeito estufa. 

Venda de créditos de carbono poderá ser fonte de renda complementar para algicultores (Fotos: Aires Mariga / Epagri)

Os pesquisadores da Epagri usaram uma metodologia internacional para estimar e prospectar o volume de carbono que poderia ser captado pelas macroalgas, caso todas as áreas aquícolas catarinenses estivessem produzindo. Com base nesse cenário, essa cadeia produtiva poderia sequestrar 2.569,59 toneladas de carbono a cada ano. 

O governo federal vem trabalhando para regulamentar o mercado de carbono. Quando esta legislação estiver estabelecida no Brasil, a venda de créditos de carbono (CC) se tornará uma realidade e poderá ser uma boa fonte de renda complementar para os produtores catarinenses de macroalgas, sem aumentar o custo de produção.

O estudo está descrito em artigo, assinado pelos pesquisadores da Epagri Alex Alves dos Santos e Luis Hamilton Pospissil Garbossa, e publicado na revista científica da Epagri, a Agropecuária Catarinense. O trabalho está disponível para livre acesso, em inglês. 

Quatro ciclos anuais 

Alex explica que o grande diferencial da macroalga é que ela permite quatro ciclos produtivos a cada ano, o que aumenta sua capacidade de captação de carbono, em  comparação com outras culturas agrícolas. Ele exemplifica que outros cultivos, como a soja, permitem apenas um ou dois plantios por safra, o que reduz sua capacidade de captação de carbono, já que cada planta faz isso até o limite individual a ser alcançado. 

No artigo, os autores pretendem chamar atenção para a importância de os algicultores catarinenses acessarem esse promissor mercado de créditos de carbono, aumentando o lucro das fazendas marinhas. A publicação explica que o mercado de carbono, que surgiu a partir do Protocolo de Quioto, em 2005, atribuiu um valor para cada tonelada de carbono que deixa de ser lançada na atmosfera. Assim, tais  créditos de carbono poderão  ser vendidos para empresas e países que não atingiram suas metas de redução. 

Diferencial da macroalga é que ela permite quatro ciclos produtivos anuais

Potencial bilionário no Brasil 

“Alguns especialistas acreditam que o Brasil possui um potencial bilionário para se tornar um exportador de créditos de carbono, podendo gerar, aproximadamente, US$100 bilhões em receitas até 2030, com destaque para os setores agropecuário e energia”, aponta o artigo. Os autores afirmam ainda que, no Brasil, a legislação que regulamenta este mercado ainda é frágil e incompleta, mas vem sendo discutida e aprimorada. 

Tramitam atualmente no Congresso Nacional sete projetos de lei para regulamentação do mercado de carbono. O objetivo é aprovar um texto final para criação do Sistema Brasileiro do Comércio de Emissões, a ser apresentado na  Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, que acontece em Belém do Pará no ano que vem. 

Por: Gisele Dias, jornalista da Epagri
giseledias@epagri.sc.gov.br