Cultivares de soja da Embrapa testados pela Epagri apresentam produtividade acima da média em Descanso
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A Epagri testou cinco cultivares de soja desenvolvidos pela Embrapa em uma propriedade de Descanso, no Extremo Oeste de Santa Catarina, e obteve produtividades acima da média alcançada na região. No experimento, os cultivares alcançaram produtividades que variaram entre 58,20 e 79,36 sacas por hectare (sc/ha). A média alcançada pelos produtores de soja da região ficou em 61 sacas por hectare na safra 2023/24. 

Cultivares de soja da Embrapa foram semeados na propriedade de Silvandro em 21 de novembro (Fotos: Divulgação / Epagri)

Zolmir Frizzo, extensionista rural da Epagri em Descanso, explica que a produção de soja vem crescendo no Extremo Oeste de Santa Catarina. Este foi um dos motivos para o experimento, realizado na propriedade do agricultor Silvandro Ribeiro, em Descanso. Em 27 de março foram colhidos 126 metros quadrados de cada uma das cinco variedades testadas. 

O cultivar mais produtivo foi o BRS2553 XTD, com 79,36 sc/ha. O BRS1054 IPRO também surpreendeu, com 74,07 sc/ha. Em seguida aparece o BRS1056 IPRO, que teve produtividade de 70,50 sc/ha. Na sequência vêm o BRS559 RR, que alcançou 64,80 sc/ha, e o BRS1003 IPRO, com 58,20 sc/ha. Célio Air Mikulskia, coordenador do programas Grãos da Epagri na região, destaca que os resultados poderiam ter sido ainda melhores, caso o plantio tivesse ocorrido no início de outubro. Porém, as fortes chuvas que atingiram o Extremo Oeste do Estado no ano passado forçaram que a semeadura acontecesse só em 21 de novembro. 

Manejos de conservação de solo e água aplicados na propriedade são diferenciais para produtividade da soja

“Conseguimos um bom resultado, apesar do atraso no plantio”, avalia Célio, que entende que, caso os produtores da região consigam semear os cultivares de soja da Embrapa em outubro deste ano, que é a data ideal, poderão alcançar produtividade superior a 80 sc/ha na próxima safra. Ele revela que, apesar do atraso, alguns agricultores da região conseguiram colher até 75 sc/ha de lavouras de soja que utilizaram cultivares da Embrapa. 

Potencial do BRS1056 IPRO

Apesar da alta produtividade alcançada pelo cultivar  BRS2553 XTD no teste, Zolmir afirma que o BRS1056 IPRO tem o maior potencial para ser adotado pelas famílias agricultoras da região. Segundo o extensionista, esse cultivar tem melhor relação custo-benefício e, sendo semeado no tempo correto e em condições ideais, pode alcançar produtividade maior do que a observada na propriedade de Silvandro.

Luiz Tarcisio Wendt Behm, engenheiro-agrônomo da Fundação Meridional, que multiplica as sementes de soja da Embrapa e as cedeu para o teste em Descanso, tem o mesmo entendimento. “Eu não tenho dúvidas”, diz ele sobre o potencial do cultivar BRS1056 IPRO para a agricultura familiar catarinense, afirmando que pequenos ajustes, como época de plantio e população de plantas, podem levar à produtividades bem superiores à apresentada no teste. 

Conservação de solo e água

Além da qualidade dos cultivares, Zolmir destaca outras características da propriedade de Silvandro que levaram ao bom resultado nos testes. Segundo ele, os manejos de conservação do solo e da água são importantes diferenciais. O agricultor emprega o sistema de plantio direto na palhada e, após a colheita da soja, a área já foi cultivada com plantas de cobertura, que fornecerão os meios necessários para garantir solo saudável e água disponível no próximo ciclo produtivo. Silvando já mostrou interesse em repetir o cultivo do cultivar BRS1056 IPRO na próxima safra. 

Variedades foram testadas no sistema de plantio direto na palha

O espaço cultivado com soja vem crescendo em Descanso. Segundo o Observatório Agro Catarinense, que compila dados coletados pela Epagri/Cepa, na safra 2019/20 o município plantou 2.250ha com a oleaginosa, espaço que cresceu para 3.650ha na safra 2023/24. No mesmo período a produção saltou de 6.750t para 11.190t. 

Segundo Zolmir, uma parte do crescimento das lavouras de soja se dá sobre espaço antes ocupado pelo milho. O extensionista atribui essa troca ao ataque de pragas e ao baixo preço do milho no mercado. O Observatório Agro Catarinense informa que o espaço cultivado com o milho em Descanso caiu de 4 mil hectares para 3,6 mil hectares entre as safras 2019/20 e 2023/24. Contudo, Zolmir alerta para a importância da rotação entre as duas culturas nas lavouras, para manutenção de um solo saudável e produtivo. 

Agricultores catarinenses interessados nos cultivares de soja desenvolvidos pela Embrapa devem procurar o escritório da Epagri em seu município para mais informações.