Pesquisadores identificam nova praga de pastagens em Santa Catarina
  • Post publicado:17 de janeiro de 2024
  • Categoria do post:PecuĂĄria

Leandro do Prado Ribeiro, pesquisador e entomologista do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), juntamente com outros pesquisadores e tĂ©cnicos do Brasil e Estados Unidos, identificaram uma nova praga em pastagens de grama-bermuda em Santa Catarina. Segundo ele, foram observados “surtos populacionais impressionantes” da cigarrinha Metadelphax propinqua (Fieber) (Hemiptera: Delphaciae), uma espĂ©cie-praga sugadora associada a diversas espĂ©cies de plantas cultivadas.

Pesquisadores se impressionaram com os surtos populacionais observados na região de Chapecó (Foto: Divulgação / Epagri)

Essa foi a primeira vez que se identificou no Brasil a associação da praga com cultivares de grama-bermuda, uma das forrageiras mais usadas em Santa Catarina. A descoberta foi relatada em um estudo recentemente publicado na revista Neotropical Entomology.  

A praga, encontrada em janeiro e fevereiro de 2023 em ĂĄreas de produção de feno de ChapecĂł e de outros municĂ­pios da regiĂŁo Oeste, foi analisada inicialmente no LaboratĂłrio de Entomologia da Epagri/Cepaf. Posteriormente foram conduzidas anĂĄlises morfolĂłgicas e moleculares adicionais, que confirmaram a identificação taxonĂŽmica da espĂ©cie. Tais anĂĄlises tiveram a colaboração dos pesquisadores FĂĄbio Nascimento e Eduardo Gorayeb, do CAV/Udesc e do professor Charles Bartlett, da University of Delaware, dos Estados Unidos. 

O pesquisador da Epagri detalha que as plantas infestadas apresentaram clorose foliar, que Ă© um amarelecimento ou perda de coloração decorrente da alimentação das cigarrinhas. TambĂ©m foi observada redução da taxa de crescimento das plantas, devido Ă  sucção de seiva e injeção de toxinas, bem como Ă  deposição de honeydew, uma secreção açucarada eliminada pelas cigarrinhas no processo de alimentação. Essa secreção pode conduzir ao desenvolvimento de fumagina, um fungo do gĂȘnero Capnodium responsĂĄvel pela redução da ĂĄrea fotossinteticamente ativa da planta. “Contudo, a maior preocupação reside no fato de que essa espĂ©cie Ă© reportada como vetora de importantes fitopatĂłgenos para a grama-bermuda e para outras espĂ©cies de plantas cultivadas, incluindo o milho”, alerta Leandro. 

“Na literatura, M. propinqua Ă© relatada como vetora do Cynodon chlorotic streak virus (CCSV) para a grama-bermuda, e do maize rough dwarf virus (MRDV) e maize yellow striate virus (MYSV) para a cultura do milho”, relata o entomologista. Ele lembra ainda que M. propinqua transmite a doença economicamente mais importante para o milho na Argentina: o Mal de RĂ­o Cuarto virus (MRCV). Outro aspecto interessante observado pelos pesquisadores foi que os dados de diversidade filogenĂ©tica conduzidos no estudo mostraram uma similaridade genĂ©tica superior a 99% entre as populaçÔes coletadas em Santa Catarina e sequĂȘncias genĂ©ticas de amostras da Argentina. 

Segundo Leandro, essa Ă© uma espĂ©cie pantropical, ou seja, estĂĄ presente nas regiĂ”es tropicais de todos os continentes entre as latitudes 50° norte e 40° sul. Inclui em seu habitat ĂĄreas costeiras e paisagens agrĂ­colas do sul e centro da Europa e zonas temperadas e tropicais quentes de todos os continentes: África, Ásia, AustrĂĄlia, Europa e AmĂ©rica do Norte e do Sul. A cigarrinha M. propinqua Ă© uma espĂ©cie polĂ­faga, o que significa que se alimenta de diversas plantas, tipicamente associada a monocotiledĂŽneas, incluindo importantes espĂ©cies cultivadas como pastagens, cana-de-açĂșcar, cevada, milho e arroz.

InformaçÔes e entrevistas
Leandro do Prado Ribeiro, pesquisador e entomologista da Epagri/Cepaf
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InformaçÔes para a imprensa
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(48) 3665-5407 / 99167-3902