O cultivo da macroalga Kappaphycus alvarezii vem se tornando uma alternativa promissora para maricultores e pescadores de Santa Catarina. A Epagri desenvolve pesquisas na área há mais de dez anos e também está capacitando as famílias litorâneas para desenvolver essa cadeia produtiva no estado. Nos dias 26 e 27 de outubro, a Empresa ofereceu um curso sobre o cultivo da macroalga no município de Penha, em parceria com a Univali.
A macroalga Kappaphycus alvarezii é a principal matéria-prima para extração de carragenana, substância que possui propriedades espessantes e estabilizantes, muito utilizada nas indústrias alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. A partir do início dos cultivos catarinenses, os maricultores, pesquisadores e extensionistas ainda identificaram novas possibilidades para agregar valor ao produto, como a fabricação de alimentos, cosméticos e extrato para biofertilizante.
Sistemas de cultivo
No curso em Penha, foram abordados assuntos teóricos, como a biologia da macroalga, formas de cultivo e custos de diferentes sistemas de cultivo. A programação também contou com uma saída para o mar para mostrar os cultivos instalados em Penha. Em uma balsa, os participantes confeccionaram cabos com o método de plantio chamado” tie-tie” e também cabos com o método de rede tubular. “Os pescadores e maricultores puderam conhecer dois tipos de estruturas de cultivo e duas tecnologias de plantio das macroalgas”, explica a engenheira-agrônoma Viviana Schmitt da Silva, da Epagri, que ministrou o curso em parceria com o professor Gilberto Manzoni, da Univali.
A pescadora Temisse Winter, de Balneário Piçarras, participou do curso e ficou interessada no cultivo de macroalgas. “Como somos pescadores artesanais de peixe e camarão, esse cultivo é uma novidade para nós e gostamos do que vimos e aprendemos. Ficamos entusiasmados com a possibilidade de fazermos parte desse cultivo”, relata.
Alternativa de renda
O curso de cultivo de macroalgas era uma demanda de maricultores e pescadores de Penha e Balneário Piçarras, que procuram alternativas de renda no mar. “Alguns pescadores compartilharam, por exemplo, que já têm dificuldade de ir para alto-mar pelos perigos que a profissão apresenta e por problemas de saúde que não permitem que eles naveguem a grandes distâncias da costa litorânea. O cultivo dessa macroalga possibilita que eles fiquem mais próximos a costa, trabalhando em condições mais favoráveis”, explica a extensionista Viviana, da Epagri.
Cultivos em expansão
Em 2021/22, Santa Catarina registrou a primeira safra comercial de macroalgas. Quatro produtores de Florianópolis e Palhoça, explorando uma área de 3,2 hectares, totalizaram 102,3 toneladas de alga viva. Hoje, esses municípios concentram 90% da produção do estado, mas há cultivos iniciais em São Francisco do Sul, Penha, Porto Belo e Governador Celso Ramos. A projeção da Epagri é de que, em cinco anos, o cultivo de algas beneficie cerca de 450 famílias da maricultura.
O método mais comum de cultivo da Kappaphycus alvarezii em Santa Catarina é o tie-tie, que significa “amarra-amarra”. Ele consiste na amarração das algas, galho por galho, em um cabo principal. No outro sistema, menos utilizado, pedaços de talo são colocados em redes tubulares sustentadas por flutuadores. Em ambos os modelos, as algas podem ser produzidas em policultivo, na mesma estrutura usada para os moluscos.
Por Cinthia Andruchak Freitas – jornalista
Mais informações: Viviana Schmitt da Silva, extensionista da Epagri em Penha (SC) – (47) 3398 6416
Informações para a imprensa: Isabela Schwengber, jornalista, pelos fones: (48) 3665-5407 / 99167-3902
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