Se hoje o maracujá traz tranquilidade para 800 famílias catarinenses que cultivam 1.800 hectares de pomares, é porque elas adotaram as tecnologias orientadas pela Epagri quando uma grande ameaça chegou ao Estado. Em 2016, a virose do endurecimento do fruto desembarcou no Sul Catarinense, a maior região produtora do Estado, e toda essa força produtiva correu o risco de ser perdida. Sem as medidas adequadas, Santa Catarina, que espera colher 45 mil toneladas na safra 2021/22, poderia ter perdido metade da produtividade e da área de cultivo em três anos.
Mas o resultado foi diferente. Com medidas coordenadas entre entidades, cooperativas e o setor produtivo, foi possível ir mais longe. De 2016 a 2021, a produtividade do maracujá catarinense saltou de 18t/ha para 25t/ha – e é, hoje, a segunda maior do Brasil. Isso significa um salto de R$52 milhões para R$72 milhões no Valor Bruto de Produção (VBP) de um fruto reconhecido como o melhor maracujá de mesa do país.
A doença do endurecimento do fruto é disseminada por pulgões e faz com que o pomar produza frutos mais duros, deformados, sem brilho e com menos polpa. A transmissão é muito rápida. Por isso, todos os anos, os pomares comerciais de maracujá do Estado são derrubados, atendendo ao vazio sanitário. As mudas para a safra seguinte, livres de vírus, são produzidas em abrigos telados. Essa medida foi estabelecida por uma portaria da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, e a fiscalização é feita pela Cidasc.
Para estimular a produção de mudas seguras, a Secretaria da Agricultura lançou em 2020 uma linha de crédito que oferece até R$10 mil para os produtores construírem abrigos e adquirirem insumos. A Epagri, que é o caminho para acessar essa política pública, já elaborou 32 projetos de crédito, somando R$310 mil.
Entre 2018 e 2021, o número de mudas produzidas em ambiente telado em Santa Catarina saltou de 1,15 milhão para 3,08 milhões – um volume capaz de suprir 100% da demanda estadual. Quando deixam os abrigos e vão para os pomares, essas plantas de alta qualidade se defendem melhor de pragas e doenças, reduzindo também as aplicações de agrotóxicos e tornando a produção mais sustentável.
Mudas de qualidade garantem boa colheita
A família do agricultor Moisés de Mattos Matias, de Balneário Gaivota, foi uma das primeiras a adotar as orientações da Epagri contra o vírus do endurecimento do fruto. “Quando surgiu o problema, a Epagri deu um norte, passou as orientações e nós colocamos em prática. Esse apoio foi fundamental para os produtores”, conta o jovem que produz cerca de 100 toneladas de maracujá numa área de 3 hectares.
As mudas agora são produzidas em abrigo telado e só vão para o pomar depois do vazio sanitário, quando já estão com 2 metros de altura. A família consegue antecipar a safra em um mês, garantindo um preço melhor, e ainda deixa de gastar cerca de R$45 mil por ano com aquisição de mudas. “Essa medida ajudou a melhorar a qualidade dos frutos e reduzir outras doenças, como verrugose, antracnose e bacteriose”, acrescenta Moisés. Como resultado, o uso de agrotóxicos já caiu em 60%.
O pomar da família é conduzido em sistema de plantio direto, ou seja, o solo fica sempre protegido por plantas de cobertura ou palhada. Essa técnica melhora a qualidade do solo, facilita o controle das plantas daninhas e promove a saúde do pomar. O apoio da Epagri começa na muda, mas segue além da colheita: a família acaba de construir uma agroindústria de polpa de maracujá que vai agregar ainda mais valor à produção. A Epagri fez o projeto e viabilizou o financiamento das máquinas e de parte da construção, somando R$285 mil. “Com o financiamento, a gente consegue fazer em dez anos o que levaria 20 para conseguir sozinho”, diz o jovem.
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