Epagri recomenda estratégias para minimizar os danos na produção de maçã causados pela estiagem e calor
  • Post publicado:26 de janeiro de 2022
  • Categoria do post:Mídia

As altas temperaturas e as baixas precipitações ocorridas em dezembro e em janeiro nas principais regiões produtoras de maçã começam a afetar a produção e a qualidade dos frutos nos pomares catarinenses, principalmente no que se refere ao tamanho e à ocorrência de queimaduras nos frutos. Isso impacta também o preço de venda e a quantidade potencial de frutos para a exportação.

A pesquisadora Mariuccia Schlichting de Martin, da Estação Experimental da Epagri em São Joaquim, afirma que outro efeito é a maturação bastante antecipada em Santa Catarina: os frutos serão colhidos em torno de uma a duas semanas em comparação à safra passada, principalmente o cultivar Gala. “Observamos que pomares recém-implantados sentiram mais o efeito da estiagem porque o sistema radicular é mais frágil e menos profundo, portanto essas plantas têm menos reserva hídrica e sentem mais a falta de água no solo”, diz ela. Outro fato observado foi o amarelamento e a queda precoce de folhas, processo que, segundo a pesquisadora, deveria ocorrer no final do outono e que pode comprometer inclusive a próxima safra.

No cultivar Fuji, já se observam danos por queimadura de sol devido à exposição dos frutos à insolação

De acordo com o pesquisador da Epagri/Ciram Gabriel Berenhauser Leite, nesta safra a região de Fraiburgo e o cultivar Gala serão os mais afetados, ao contrário do que ocorreu na safra 2019/2020, em que as perdas se deram em maior intensidade na região de São Joaquim e no cultivar Fuji, devido à estiagem severa ter ocorrido em fevereiro e março. “Isso se deve ao fato de que nesta safra a estiagem estar ocorrendo em dezembro e janeiro e ser mais intensa na região de Fraiburgo em comparação à São Joaquim”, diz.

Confira a seguir como está a situação nas regiões de Fraiburgo e de São Joaquim e as recomendações da Epagri para minimizar os danos na produção.

Redução de até 30% da produção da Gala em Fraiburgo

Em Fraiburgo, o mês de dezembro apresentou uma precipitação de apenas 52,6mm e, em janeiro (até o dia 25), somente 46,4mm, praticamente 30% do esperado para esses dois meses. Esse fato, aliado às altas temperaturas observadas na região e que aumentam a evapotranspiração das plantas, afetaram o índice de satisfação das necessidades de água (ISNA), que ficou abaixo de 75% por um longo período nos dois últimos meses, alcançando índices inferiores a 50%.

“Essa situação de baixa disponibilidade de água e de altas temperaturas interferem no tamanho final do fruto. A expectativa é de redução de até 30% da produção da Gala devido à redução do tamanho das maçãs. Mas a perda não se limita apenas à tonelagem. Frutos pequenos também têm o preço reduzido e influenciam negativamente na quantidade potencial de frutos para a exportação”, afirma o extensionista rural em Fraiburgo, Marcus Henrique Pritsch,

Com chuva, Fuji na região de São Joaquim pode se recuperar

Em São Joaquim a precipitação em janeiro foi um pouco melhor do que em dezembro, 148mm e 57mm, respectivamente. A chuva ocorrida em janeiro, 2/3 da média do mês, amenizou um pouco a situação de déficit hídrico. “Nessa região estima-se uma perda entre 10 a 20 % no cultivar Gala, devido principalmente à redução do tamanho dos frutos. No cultivar Fuji ainda é cedo para avaliar o nível de dano que poderá ocorrer, pois se as chuvas se normalizarem é possível que haja uma recuperação no desenvolvimento dos frutos, pois ainda estamos a mais de 45 dias do início de colheita desse cultivar”, explica o extensionista rural em São Joaquim, Marcelo Cruz de Liz. Ele ressalta que, no entanto, já se observam danos por queimadura de sol devido à exposição dos frutos à insolação, o que deprecia a qualidade e o valor comercial.

Estratégias para minimizar os danos

A seguir algumas estratégias recomendadas pela Epagri para minimizar os danos causados pela estiagem e pelas altas temperaturas na cultura da maçã em Santa Catarina:

– Onde não existe sistema de irrigação, recomenda-se adaptar o tanque pulverizador para irrigar de maneira localizada a projeção da copa das árvores, especialmente os pomares recém-implantados e os de solos mais rasos;

– Onde a folhas estão em processo de amarelamento, a indicação é retirar o fruto para não comprometer de forma tão significativa a próxima safra;

– Outro cuidado fundamental diz respeito à maturação: a pesquisadora Mariuccia ressalta que o produtor deve acertar bem o ponto de colheita, principalmente dos frutos que serão destinados a maior tempo de armazenagem;

– Recomenda-se a utilização de reguladores de crescimento para atrasar a maturação dos frutos para que eles ganhem mais calibre até a colheita, principalmente no caso do cultivar Gala;

– Nos dias de muito calor, deve-se evitar a pulverização tanto de reguladores como de produtos fitossanitários em horários em que a temperatura esteja muito alta. A recomendação é que isso seja feito no final da tarde.

Mais informações e entrevistas:

– Mariuccia Schlichting de Martin, pesquisadora da Estação Experimental da Epagri em São Joaquim, fone (49) 3233-8423

– Gabriel Berenhauser Leite, pesquisador da Epagri/Ciram, fone (48) 3665-5120

– Marcus Henrique Pritsch, extensionista rural de Fraiburgo, fone (49) 3533-5469

– Marcelo Cruz de Liz, extensionista rural de São Joaquim, fone (49) 3233-8400

Informações para a imprensa:

Gisele Dias, jornalista, fone (48) 3665-5147