O Boletim Agropecuário de dezembro traz previsão de crescimento de 11,8% na produção catarinense de soja. O trigo, que está com a colheita encerrada, deve ter aumento de mais de 100% na produção, conforme já anunciado pela Epagri/Cepa. No caso da cebola e do alho, o destaque é para a qualidade da safra a ser colhida. O Boletim Agropecuário é um documento emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com a análise econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
Soja
A Epagri/Cepa estima que Santa Catarina deve produzir 11,8% a mais de soja na safra 2021/22, em comparação com o ciclo agrícola anterior, alcançando cerca de 2,63 milhões de toneladas. O crescimento se deve ao aumento de 3,8% na área cultivada, aliado à recuperação de produtividade.
O preço médio, no período de janeiro a novembro de 2021, foi de R$165,69 (em valores corrigidos IGP-DI). Em Santa Catarina, o preço médio mensal em novembro foi de R$171,81. O cenário atual mostra uma tendência de sustentação dos preços nos mercados externo e interno, associada a estoques/consumo global e clima adverso para as lavouras da região Sul do Brasil e da Argentina, em decorrência do fenômeno La Niña.
Trigo
A colheita de trigo em Santa Catarina está encerrada e a expectativa é de que a safra 2021/22 seja 101% superior ao ciclo agrícola anterior, com uma produção total estimada de 346,6 mil toneladas. O resultado é uma combinação das estimativas de crescimento de 76% na área plantada e de 15% na produtividade.
Contudo, a ocorrência de ventos fortes em novembro, que provocaram acamamento em muitas lavouras, e o excesso de chuvas na fase final da maturação observados em algumas regiões, prejudicaram a qualidade e quantidade dos grãos colhidos, fatores que poderão diminuir a produtividade média das lavouras.
Milho
O milho plantado mais cedo (em setembro) está sentindo a falta de chuvas na região Oeste de Santa Catarina e também no Rio Grande do Sul. O fato já contribui para uma reversão, na primeira quinzena de dezembro, do movimento de queda dos preços do grão.
Em novembro, os preços médios pagos ao produtor de milho catarinense recuaram 3,9% na comparação com outubro, configurando o terceiro mês consecutivo de baixa. Os preços ao produtor retomam posições inferiores às registradas no início de 2021. Alguns fatores que influenciaram a baixa no período são: a expectativa de aumento da produção da safra 2021/22 e exportações menores do que previsto inicialmente para o ano.
Arroz
A safra catarinense de arroz segue se desenvolvendo sem problemas, mas a ocorrência de temperaturas acima da média em todo o litoral catarinense requer atenção, pois o calor excessivo pode ter reflexos na produtividade, caso continue no período de floração. Os preços do cereal continuaram em queda entre novembro e a primeira quinzena de dezembro, contrariando a expectativa de comportamento para o período.
Feijão
A estiagem está atingindo a qualidade das lavouras de feijão em Santa Catarina, e a expectativa da Epagri/Cepa é de que a situação se agrave, com reduções bastante significativas na produtividade média das lavouras de verão. Em novembro os cultivos já sofreram com a falta de chuva. Atualmente, as lavouras estão classificadas como: 69,7% boa; 12,6% média e 1,5% ruim. Até a última semana de novembro, 78% da área destinada ao plantio da 1ª safra 2021/22 de feijão já havia sido plantada.
O preço médio mensal pago aos produtores catarinenses de feijão-carioca no mês de novembro recuou cerca de 2,6% em relação ao mês anterior, fechando em R$229,09 a saca de 60kg. No caso do feijão-preto, a variação de preço também foi negativa em novembro, fechando em R$231,69 a saca de 60kg.
Alho
A safra 2021/22 de alho em Santa Catarina deve ser de alta qualidade, reflexo das condições climáticas favoráveis até o momento. A expectativa de produção da hortaliça no Estado é de 19.109,5 toneladas, com um rendimento médio esperado de 10.569 kg/ha. Foram plantados 1.808 hectares de alho no Estado na atual safra, crescimento de 5,3% em relação à estimativa inicial.
Em novembro de 2021 foram importadas apenas 3,57 mil toneladas de alho, o menor volume mensal para o mês dos últimos cinco anos. Neste ano foram importadas, de janeiro a novembro, 112,05 mil toneladas, enquanto que no mesmo período de 2020 o volume importado foi de 178,88 mil toneladas, redução de 42,09% no período.
Cebola
A condição das lavouras catarinenses de cebola é considerada muito boa, com repercussão muito positiva no mercado pela excepcional qualidade da hortaliça catarinense. Na safra 2021/22 foram plantados 17.458 hectares no Estado, com expectativa de produção em torno de 500 mil toneladas. Assim, as perspectivas são positivas para o próximo período para a cadeia produtiva da hortaliça em Santa Catarina, tanto pela qualidade do produto quanto pela demanda de mercado aquecida.
Neste ano, devido à oferta do produto nacional em grande volume proporcionada pelas regiões do Nordeste e Centro do país, câmbio com dólar valorizado e frete marítimo caro, os volumes importados de janeiro a novembro de 2021 somam apenas 115,9 mil toneladas, redução de 81,8 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano passado.
Suínos
Santa Catarina exportou 42,65 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em novembro, queda de 17% em relação ao mês anterior e de 2,8% em relação a novembro de 2020. As receitas foram de US$95,84 milhões, -18,2% em relação ao mês anterior e -8,6% na comparação com novembro de 2020. Essas quedas são decorrentes, principalmente, da redução do volume importado pela China nos últimos meses, cenário resultante tanto da gradativa recuperação da suinocultura chinesa, após os surtos de peste suína africana, quanto da desaceleração do crescimento econômico daquele país.
De janeiro a novembro, o Estado exportou 532,27 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$1,29 bilhão, altas de 11% e 21,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2020. Santa Catarina respondeu por 53,3% das receitas e 51,7%do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Frango
Santa Catarina exportou 80,79 mil toneladas de carne de frango em novembro (in natura e industrializada), queda de 11,1% em relação ao mês anterior, mas alta de 10% na comparação com novembro de 2020. As receitas foram de US$158,39 milhões, -7,9% em relação ao mês anterior e alta de 48,6% na comparação com novembro de 2020.
De janeiro a novembro, Santa Catarina exportou um total de 935,74 mil toneladas, com receitas de US$1,67 bilhão, alta de 6,2% em quantidade e de 22,5% em valor na comparação com o mesmo período do ano passado. O Estado foi responsável por 24,6% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos onze primeiros meses do ano.
Bovinos
Nas primeiras semanas de novembro, o preço médio estadual do boi gordo foi de R$306,15 a arroba, alta de 4,2% em relação ao mês anterior. Esse movimento está relacionado ao aumento sazonal da demanda e baixa disponibilidade de animais prontos para o abate, além da recente retomada dos embarques de carne bovina para a China.
Leite
A perda de dinamismo da produção leiteira brasileira depois de 2014 é um fato evidente. Até então, raros foram os anos em que a quantidade de leite adquirida pelas indústrias não cresceu sensivelmente em relação ao ano anterior. Desde então, decresceu em 2015, 2016 e deve decrescer também neste ano de 2021. Mesmo assim, em face da fraca demanda, os preços internos seguiram em queda neste mês de dezembro. Segundo os levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses no mês de dezembro ficou 11 centavos abaixo do preço médio de novembro.
Confira AQUI a íntegra do Boletim Agropecuário de dezembro
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