Curso prepara produtores do Sul do Estado para investir na piscicultura
  • Post publicado:16 de julho de 2021
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O Centro de Treinamento da Epagri em Tubarão recebeu duas turmas em junho para o curso de piscicultura básica, quando técnicos da Epagri repassaram informações a 40 produtores sobre os requisitos fundamentais para o sucesso na atividade. Com uma carga horária de 24 horas entre atividades práticas e teóricas, a capacitação abordou temas como investimentos necessários para iniciar a atividade, custos de produção e manejos ao longo do ciclo de criação.

Para a Epagri, a capacitação é o passo inicial para o sucesso na atividade (Foto: Luiz Rodrigo Vicente)

Segundo o médico-veterinário Luiz Rodrigo Mota Vicente, líder do programa da Epagri de Aquicultura e Pesca Artesanal no Sul Catarinense e coordenador do curso, a capacitação é o passo inicial para o sucesso na atividade, “especialmente em um momento em que as informações disponíveis na internet estão em grande volume e chegam ao produtor em uma velocidade inimaginável, sendo cada vez mais necessária a assessoria técnica idônea, a exemplo da Epagri, para fazer as ponderações e adequações necessárias para a aplicabilidade de cada tecnologia de produção nas propriedades”, diz.

Para Vicente, embora a piscicultura continental seja uma das atividades do setor primário mais rentáveis, é considerada de alta densidade econômica, com elevados investimentos e custos de produção, não admitindo erros ao longo do processo de produção – do planejamento à comercialização – sendo necessário a máxima eficiência na criação. “Certamente, após o curso de piscicultura os produtores tornam-se mais críticos, têm a capacidade de discutir a atividade em fóruns na área e entendem que fazendo certo dá certo”, pondera o exensionista.

Produção de peixe em Santa Catarina

Santa Catarina é o quarto maior produtor de peixes de água doce do país (Foto: Luiz Rodrigo Vicente)

Segundo o Anuário Peixe BR da Piscicultura 2021, Santa Catarina é o quarto maior produtor de peixes de água doce do país. Ocupando pouco mais de 1 % do território nacional e com uma estrutura fundiária de pequenas propriedades, o estado produziu cerca de 52 mil toneladas de peixes em 2020, sendo 79 % representado pelas tilápias, 19 % pelas carpas e em menor volume por outros grupos de peixes como jundiás, trutas e peixes redondos.

De acordo com dados de 2021 do Infoagro, cinco das dez cidades do estado com maior volume de produção de peixes estão na região de Tubarão, onde o curso foi oferecido: Armazém (1°), Rio Fortuna (3°), São Martinho (8°), Braço do Norte (9°) e Grão Pará (10°). Somados, esses municípios representam 18,93% do volume de tilápias produzido no estado, ou seja, 6.992 toneladas.

Para Vicente, a liderança do Sul do Estado na produção de peixes, especialmente na tilapicultura, é resultado da atuação da iniciativa privada, que atua fortemente no setor através da prestação de serviços e fornecimento de insumos e equipamentos aquícolas, além do setor público através da Epagri, que elabora projetos de piscicultura, projetos de crédito, capacitações de produtores e assessoria técnica.

Vista de uma unidade de produção de peixes no Sul Catarinense (foto: Luiz Rodrigo Vicente)

“O trabalho em conjunto entre o setor público e o privado na piscicultura é fundamental para o desenvolvimento e consolidação da atividade, tornando-a cada vez mais competitiva em relação a outros estados produtores e frente a outras fontes de proteína animal para o consumo humano”, avalia o extensionista.

Mesmo assim, Vicente pondera que a piscicultura ainda precisa avançar muito, transforando os piscicultores amadores em comerciais, fazendo com que eles obtenham renda com a  atividade, como também qualificando os comerciais para que se tornem cada vez mais eficientes na produção, melhorando a renda do produtor.

Ele ressalta que a promulgação da Lei da Piscicultura catarinense em 2019 e o Termo de Cooperação Técnica entre as entidades envolvidas está agilizando a Autorização ou Licenciamento Ambiental, possibilitando ao piscicultor o acesso ao crédito rural e a canalização da produção e comercialização aos frigoríficos mais exigentes.

“Os fatores supramencionados, além de mudanças de modelos de produção de monofásicos para bifásicos, utilizando-se berçários como ferramenta para o escalonamento da produção e o comprometimento de todos os elos da cadeia estão tornando a piscicultura catarinense mais competitiva, trazendo renda e emprego ao meio rural e logrando divisas aos municípios produtores e ao estado de Santa Catarina”, comemora Vicente.