Com apoio da Epagri de Ipuaçu, famílias da Terra Indígena Xapecó, no Oeste catarinense, começaram a produzir hortaliças para consumo próprio e agora até vendem o excedente. O incentivo da empresa do Governo do Estado para a implantação de hortas e pomares melhorou não apenas a alimentação e a qualidade de vida dentro das aldeias, mas também incrementou a renda das famílias.
Os produtos são vendidos na região e também para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Cerca de dez famílias são remuneradas por esses programas, o que proporciona aumento da renda e qualidade de vida”, diz Ires Cristina Oliari, extensionista da Epagri.
A equipe da Epagri, além de promover cursos, oficinas e projetos de incentivo à produção, ao consumo e à venda de alimentos mais limpos, também auxilia as famílias na adoção do sistema de rastreabilidade. O programa e-Origem, da Cidasc, cadastra cada alimento produzido, que recebe um código (QRCode). Esse código acompanha o alimento pela cadeia produtiva, carregando informações sobre como ele foi produzido, até chegar ao consumidor final.
Reserva indígena
A Terra Indígena Xapecó, localizada no Oeste catarinense, ocupa parte do território dos municípios de Ipuaçu e Entre Rios. É a segunda maior reserva indígena em extensão do estado, com área de 15.623 hectares. Residem nesse território cerca de 1.662 famílias das etnias Kaingang e Guarani, somando 5.576 indígenas divididos em 13 aldeias.
Uma das motivações para a iniciativa da Epagri é melhorar a segurança alimentar dessas famílias. Isso porque as principais atividades geradoras de renda no território são o monocultivo de soja e milho e a bovinocultura leiteira. “Essas atividades implicam em uma desvalorização do conhecimento tradicional, e isso afeta diretamente na insegurança alimentar, uma das principais demandas da Terra Indígena Xapecó pelo grande número de famílias que ali vivem, especialmente crianças e jovens”, explica a extensionista social da Epagri Elvina Costacurta.
Para ela, a visão de uma família indígena estagnada, sem vontade de produzir alimentos, é retrograda e inaceitável. “Indígenas produzem alimentos de qualidade para si e para outras famílias”, afirma.