O borrachudo é um inseto pequeno, mas capaz de estragar muitos programas ao ar livre, sem falar dos incômodos para quem vive no meio rural. Na criação animal, ele também pode causar problemas, principalmente na produção leiteira. O desequilíbrio na população desse inseto é causado por fatores como desmatamento, despejo de lixo e dejetos humanos e animais nos rios e morte de predadores naturais, como peixes, sapos e pássaros. A Epagri, empresa do Governo de Santa Catarina, realiza capacitações e atividades de educação ambiental para controlar a população de borrachudos em todo o Estado.
A extensionista Leonir Claudino Lanznaster, da Epagri de Trombudo Central, diz que o caminho para reduzir a população desse inseto está nas ações de preservação e educação ambiental e no engajamento de toda a comunidade. “O borrachudo sempre existiu em seu habitat natural, mas hoje temos alta incidência tanto na área rural quanto na área urbana. Os estudos apontam que a ação humana favoreceu o desequilíbrio ambiental que levou à proliferação dos borrachudos e à presença desse inseto em espaços onde ele não era comum”, explica.
Comportamento do borrachudo
Conhecer o comportamento do inseto é essencial para fazer o controle. O borrachudo tem hábitos diurnos e precisa de água corrente para procriar e sobreviver. Nas fases de ovo, larva e pupa, precisa da presença de luz, matéria orgânica, água corrente, oxigênio e algum material para se fixar. “A fêmea, no momento de pôr os ovos, procura um lugar com essas características. Ela deposita os ovos em folhas e capins próximos da água e pode colocar de 100 a 600 ovos por vez, dependendo da espécie”, explica Leonir.
Na fase seguinte, as larvas se fixam em materiais que estão submersos a baixas profundidades, como pedras, galhos e lixo, e se alimentam principalmente de matéria orgânica diluída na água. Elas respiram com oxigênio e são mais ativas em águas quentes, onde incide a radiação solar.
A pupa, semelhante a um casulo, não se alimenta. Depois de cerca de cinco dias, ela se rompe e o borrachudo sai em busca de alimentos. “Somente a fêmea pica porque ela precisa de sangue quente para o processo de ovulação. O macho se alimenta de néctar das flores e seiva das plantas”, diz Leonir.
O ciclo de vida do borrachudo dura cerca de 45 dias. No ser humano, as picadas geram incômodo intenso, com coceiras incessantes, inchaço no local, podendo causar até reações alérgicas mais graves.
Como evitar a proliferação
Conscientização e preservação ambiental são o caminho para combater o desequilíbrio na população do inseto. “Controlar os borrachudos exige ações coletivas. Se eu faço na minha propriedade, mas meu vizinho não faz, pode ocorrer uma reinfestação. Precisamos pensar em ações locais, regionais e estaduais”, defende Leonir.
CONFIRA AS DICAS DA EPAGRI:
Preserve a mata ciliar
A recuperação da mata ciliar – aquela que fica nas margens de rios e córregos – faz com que haja mais sombra nessas áreas, dificultando a entrada da luz e diminuindo a temperatura do ambiente. A mata ciliar também serve como abrigo para os predadores do borrachudo e forma uma barreira que evita o deslocamento do inseto para fora das matas. “A recuperação das matas ciliares deve ser a ação mais eficiente e duradoura no combate ao borrachudo em um programa de médio e longo prazo”, defende o engenheiro-agrônomo João Antônio Furtado e Silva, da Epagri de Leoberto Leal.
Cuidado com os resíduos
“Ao dar destino correto para resíduos domésticos, embalagens de agrotóxicos, dejetos humanos e de animais, você retira o alimento das larvas, diminui a superfície de fixação delas e preserva os predadores naturais que se alimentam das larvas e do borrachudo adulto”, detalha Leonir, extensionista da Epagri. Também é fundamental manter as áreas de criação de animais longe de rios e córregos.
Mantenha os rios limpos
Outra atitude importante é a limpeza dos rios, lembrando de tomar todos os cuidados para que não ocorra nenhum tipo de acidente.
Controle biológico
Uma alternativa de controle é o uso de BTI, um bacilo natural que pode ser aplicado nos rios e córregos diluído em água. Ele age na fase de larva, provocando a morte delas. Mas é importante observar as orientações técnicas de aplicação do produto. “É necessário fazer medida de vazão do rio para determinar os pontos de aplicação e a quantidade de produto a ser usada”, explica a extensionista Leonir.
Proteja-se
Para evitar picadas, o ideal é usar roupas compridas e, nas estações mais quentes, recomenda-se usar repelentes nas partes descobertas do corpo, como mãos, pernas e pés. O plantio de capim citronela próximo às residências e o uso de repelentes à base da planta são alternativas para afastar o inseto.
Mais informações: Leonir Claudino Lanznaster, extensionista da Epagri em Trombudo Central – (47) 35440100, leonirclaudino@epagri.sc.gov.br.