A Epagri, a prefeitura e os agricultores de Leoberto Leal estão trabalhando juntos para controlar o desequilíbrio na população de borrachudos no município. Em março e abril, foram realizadas duas capacitações sobre o controle do inseto com a participação de técnicos da Epagri, lideranças municipais e comunitárias, professores e agricultores. Ações voltadas à sustentabilidade e à qualidade de vida no meio rural, como essa, são um dos focos do Governo de Santa Catarina.
Educação ambiental
Na capacitação, os técnicos Cristiano Schuch e Sônia Maria Abatti, da Epagri de Aurora, debateram ações estratégicas com os participantes. Em atividade prática no rio, o grupo aprendeu a identificar larvas e os hábitos de vida dos borrachudos, medir a vazão de água e calcular a dose adequada de BTI, produto biológico utilizado no controle das larvas.
Os técnicos destacaram a importância do trabalho de educação e recuperação ambiental no controle do inseto. “O caminho para o equilíbrio da população dos borrachudos é por meio de processos educativos. Quanto mais conhecermos sobre o inseto, seus hábitos e suas necessidades, mais fácil será a definição de estratégias de controle”, disse Sônia.
O foco do segundo encontro foi capacitar os responsáveis por aplicar o BTI nas comunidades. Os participantes foram orientados sobre os cuidados necessários no controle do borrachudo e também mediram vazão de rio. O técnico Cristiano destacou a importância do comprometimento da população e da medida correta da vazão dos rios e das doses adequadas para o uso racional do BTI, garantindo que o controle tenha o efeito desejado.
Importância da mata ciliar
A recuperação das matas ciliares deve ser a ação mais eficiente e duradoura no combate ao borrachudo em um programa de médio e longo prazo, de acordo com o engenheiro-agrônomo João Antônio Furtado e Silva, da Epagri de Leoberto Leal. “As condições climáticas extremas, como secas e chuvas fora de época, favoreceram a proliferação de borrachudos no município, principalmente nos rios encachoeirados com mata ciliar degradada, descarga de efluentes orgânicos, deposição de lixo e incidência direta de luz solar”, explica.
Comportamento do borrachudo
O borrachudo é um inseto que se reproduz no leito dos ribeirões. Suas larvas se fixam aos materiais (como pedras, galhos e lixo) submersos a baixas profundidades, alimentam-se da matéria orgânica diluída na água, respiram com oxigênio e são mais ativas em águas quentes, onde incide a radiação solar. No ser humano, as picadas geram incômodo intenso, com coceiras incessantes, inchaço no local, podendo causar até reações alérgicas mais graves.
Para a responsável pelo programa Capital Humano e Social da Epagri na região, Leonir Claudino Lanznaster, pensar a problemática do borrachudo requer um olhar sistêmico e o desenvolvimento de processos de educação socioambiental junto à população. “Precisamos assumir a responsabilidade que nos cabe”, destaca.
Ações para controle do inseto
Em Leoberto Leal, o desequilíbrio na população de borrachudos tem afetado praticamente todos os agricultores. A Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente, com apoio da Epagri, está coordenando um grupo de trabalho composto por lideranças municipais e comunitárias para construir e executar o Plano Municipal de Combate e Controle de Borrachudo.
Os trabalhos já iniciaram com o planejamento das ações e deverão se intensificar nos próximos meses, com o monitoramento dos locais vulneráveis e, quando necessário, aplicação de BTI. “A expectativa é de que na próxima primavera, quando o inseto volta a se reproduzir mais aceleradamente, a situação já esteja mais controlada e a população não sofra tanto com esse problema”, diz a secretária municipal da agricultura, Juliana de Souza Franzen.
Mais informações: João Antônio M. F. e Silva, engenheiro-agrônomo da Epagri de Leoberto Leal: (48) 3665 5505.