Boi gordo, suínos e leite estão com preços em alta, assim como grãos. A estiagem atinge os cultivos e os efeitos começam a aparecer na diminuição de área plantada e queda na qualidade. Está tudo detalhado no Boletim Agropecuário de novembro, documento emitido mensalmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) com avaliação das principais cadeias produtivas catarinenses.
Pecuária
O preço do boi gordo em Santa Catarina variou 6% na média estadual na comparação entre as duas primeiras semanas de novembro e outubro. Comparados com novembro de 2019, os valores variaram 48,9%. Baixa disponibilidade de animais prontos para abate e bom fluxo das exportações brasileiras de carne bovina são os motivos do crescimento. Na avaliação da Epagri/Cepa, a tendência de alta deve se manter nos próximos meses.
O preço do suíno vivo variou 16,8% nas primeiras semanas de novembro em comparação a outubro e 63,3% na comparação com novembro de 2019. Além da forte demanda internacional, em especial por parte da China, o aumento no custo de produção explica a alta, que vem sendo observada desde maio. Em outubro, Santa Catarina exportou 46,41 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos), alta de 7,7% em relação ao mês anterior e de 36,2% na comparação com um ano atrás. As receitas foram de US$107,92 milhões, crescimento de 11,1% em relação ao mês anterior e de 46,8% na comparação com outubro de 2019.
No caso dos lácteos, os preços voltaram a aumentar no mercado atacadista em novembro, depois da queda em outubro. A expectativa dos analistas era de que os preços recebidos pelos produtores catarinenses caíssem de forma sensível e generalizada em novembro, mas se mantiveram entre estáveis ou com pequenas quedas na maioria dos casos. Parte desse comportamento é explicada pelo fraco desempenho que a produção leiteira nacional está apresentando em 2020. De janeiro a setembro, a quantidade de leite adquirida pelas indústrias brasileiras foi apenas 0,7% superior à do mesmo período de 2019.
O frango está com as exportações em queda. Em outubro Santa Catarina exportou 73,58 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), queda de 5,3% em relação ao mês anterior e de 12,3% na comparação com o mesmo mês de 2019. As receitas foram de US$109,31 milhões, queda de 6,3% em relação a setembro e de 23% na comparação com outubro de 2019. De janeiro a outubro, Santa Catarina exportou 807,91 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 1,26 bilhão, quedas de 26,4% em quantidade e de 34% em valor na comparação com o mesmo período de 2019. O Estado foi responsável por 25,3% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango este ano.
Grãos
Os preços pagos ao produtor de arroz mantiveram-se estáveis em patamar elevado entre outubro e a primeira quinzena de novembro. O plantio da safra 2020/21 avança com tendência de desenvolvimento normal e a expectativa é de que os preços voltem a apresentar comportamento esperado ao longo dos anos. Contudo, não é possível afirmar se os preços cairão aos níveis praticados nos anos anteriores. Além disso, a elevação dos custos de produção desta safra gera preocupação quanto à margem a ser obtida pelos produtores na comercialização.
Os produtores catarinenses de feijão-carioca receberam em outubro, em média, 7,68% a mais do que em setembro. Para o feijão-preto, a variação foi de 10,18% no mesmo período. Os preços foram sustentados pela baixa oferta do grão. A Epagri/Cepa estima que área plantada e produtividade sofram redução nos próximos meses, visto que os prejuízos pela estiagem se acumulam a cada semana.
Para o milho grão o cenário é de sustentação de preços em níveis elevados para 2021, com a demanda global aquecida, cotações futuras subindo em Chicago e grande volume de vendas antecipadas da safra 2020/21. A safra de verão no Estado sofre com a estiagem prolongada, com perdas significativas no Oeste catarinense.
No caso do milho silagem, as expectativas de redução da produtividade se somam a cada semana. As perdas na região Oeste devem ultrapassar 20% e a qualidade também vem sendo atingida de forma irremediável. Entre os produtores, o que se observa é preocupação com o alimento para o rebanho leiteiro no próximo ano.
No mês outubro, os preços da soja em Santa Catarina apresentaram reação de 14,8% frente a setembro, continuando a bater recordes. O cenário do mercado é de sustentação de preços em níveis elevados no final de 2020, com a demanda global aquecida, cotações futuras subindo em Chicago e grande volume de vendas antecipadas da temporada 2020/21. A estiagem está afetando a cultura. Em várias regiões do Estado, o plantio está registrando atraso em relação à safra passada e as lavouras já emergidas estão bastante desuniformes e com baixo desenvolvimento inicial.
Os preços do trigo também fecharam em alta no mercado catarinense em outubro. No acumulado do mês, os valores médios da saca de 60kg pagos aos produtores catarinenses avançaram 10,08%, sustentados pela alta demanda. Geadas em agosto e a estiagem em setembro e outubro devem reduzir em 4% o rendimento médio em comparação à safra 2019/20.
Hortaliças
Em outubro, o preço do alho no atacado (Ceagesp e Ceasa/SC) teve redução de 5% a 18%, dependendo da classe e da praça, devido à entrada do alho chinês. Importadores têm conseguido na justiça liminares para não pagar taxa antidumping na importação do alho da China, contribuindo para o desequilíbrio do mercado. Em Santa Catarina, a colheita da safra 2020/21 já iniciou e a preocupação dos produtores é com a alta porcentagem de alho classe 2 e 3 (baixo calibre), resultado das condições climáticas no Estado, apesar dos esforços dos produtores em irrigar a cultura.
A cebola manteve preços em alta nas primeiras semanas de novembro, seguindo tendência verificada em outubro. As baixas precipitações em Santa Catarina contribuíram para a alta porcentagem de bulbos de baixo calibre (caixa 2), apesar de muitos produtores disponibilizarem de irrigação. Variedades superprecoces já começaram a ser colhidas em regiões como no Alto Vale do Itajaí, Tijucas e Tabuleiro.
Maçã
A maçã de categoria 3 comercializada no atacado catarinense apresentou em outubro a sua maior cotação dos últimos três anos. A estiagem afeta as áreas em produção, com registro de quedas de frutos. No início de novembro houve geada em algumas áreas de produção, com possibilidade de afetar a qualidade das frutas.
Confira a íntegra do Boletim Agropecuário.
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Gisele Dias, jornalista, pelo fone (48) 99989-2992