Novamente os temas falta de água, poucas chuvas, cisternas, poços artesianos, recursos hídricos e estiagem estão frequentes. Sabemos que o Extremo Oeste é a região de Santa Catarina com o maior histórico de estiagens registradas nos últimos 30 anos. Para os próximos meses, as previsões são de chuvas abaixo da média, com distribuição irregular e chance de estiagens regionalizadas entre o fim da primavera e decorrer do verão. Quem afirma é o Instituto Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA), que manteve o cenário de La Niña em andamento, o que significa conviver com pouca chuva no Sul do Brasil. Diante deste cenário, a Epagri orienta práticas para conservar e aumentar a disponibilidade hídrica na agropecuária, como medida de prevenção contra os efeitos de possíveis estiagens, visto que convivemos frequentemente com elas e devemos lidar adequadamente com essa questão.
A reservação de água é a medida mais importante na agropecuária do Extremo Oeste, pois o histórico de chuvas da região está entre 1800 a 2200 milímetros por ano, o que significa em média, 2000 litros de água por metro quadrado de área que podem ser coletados a cada 12 meses. Portanto, guardar água da chuva em cisternas e principalmente no solo – que é o maior reservatório de água do planeta – é a prática mais eficiente, barata e inteligente, aplicada pela humanidade desde a antiguidade.
Porém, ainda vemos essa enorme quantidade de chuvas sendo desperdiçada. Na maioria das vezes, isso acontece em decorrência do manejo inadequado do solo, com grades e arados. A falta de consciência com a conservação do solo, com a presença da temida camada compactada de solo que impede a infiltração e o armazenamento da água, o pouco enraizamento das plantas, a ganância e falta de planejamento e gestão significam prejuízos, com sérias consequências para todos.
Cultivar seguindo os fundamentos da agricultura conservacionista, cuidar do solo, armazenar água da chuva e preservar o meio ambiente e as matas nativas, são práticas que fazem toda a diferença para minimizar efeitos de adversidades climáticas sobre a produção agropecuária. Importante seguir os três princípios da agricultura conservacionista: 1) reduzir ou eliminar as operações de movimentação de solo; 2) manter os resíduos culturais na superfície do solo; e 3) diversificar espécies, em rotação, consorciação e/ou sucessão de culturas. Estes são os diferenciais de quem deseja obter alta rentabilidade com menos riscos.
Praticar a gestão dos recursos hídricos significa cuidar da quantidade e qualidade das águas, especialmente superficiais, que existem em abundância no Extremo Oeste, mas estão sob grande risco de redução do volume e de contaminações diversas. Conservar e recuperar as matas ciliares; praticar a adequação ambiental e recuperar áreas degradadas das propriedades de acordo com a legislação ambiental; diversificar e manter o solo com plantas vivas e mortas o ano todo visando aumentar a matéria orgânica; resgatar os terraços agrícolas; realizar cultivos em contorno e, acima de tudo, reservar água para períodos de escassez, são práticas muito conhecidas da grande maioria das famílias agricultoras de Santa Catarina para minimizar riscos e garantir qualidade de vida.
Os extensionistas e pesquisadores da Epagri estão à disposição para orientar sobre as melhores práticas de manejo e conservação do solo e da água, bem como auxiliar no planejamento e gestão para a tomada de decisão em busca da sustentabilidade.
*Clístenes Antônio Guadagnin, engenheiro-agrônomo, doutor em agronomia, agente de extensão rural da Epagri, líder do Programa Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental da Epagri no Extremo Oeste Catarinense.