Frio em SC: veja manejos recomendados para diminuir prejuízos nos cultivos
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O maior risco para a agricultura catarinense se dá na presença de geada

O frio intenso está chegando a Santa Catarina e a situação pode trazer prejuízos para a agricultura. Confira as recomendações para as principais cadeias produtivas e fique atento ao que pode ser feito para minimizar perdas diante da queda de temperatura.

De modo geral, o maior risco para a agricultura catarinense se dá na presença de geada, que deve ocorre a partir de sábado e se intensificar no domingo. No caso de neve, os efeitos são menos nocivos, avaliam os técnicos da Epagri.

Previsão

Segundo a Epagri/Ciram, no fim da quarta-feira, 19, a temperatura declina acentuadamente com o avanço de uma intensa massa de ar frio de origem polar no Sul do Brasil, e a semana termina gelada, com máxima próxima de 10°C no Litoral e Vale do Itajaí, e abaixo disso nas demais regiões, não passando de 5°C na Serra.

Na noite de quinta-feira o frio intenso e alta umidade favorecem a condição de neve no Planalto Sul. Essa condição estende-se para as áreas altas (acima de 700/800 m) do Oeste, Meio-Oeste, Planalto Norte e Florianópolis Serrana na sexta-feira, com chance de acúmulo significativo especialmente no Planalto Sul.

No fim de semana, a umidade diminui gradativamente. No sábado, a presença de nuvens pode inibir a formação da geada, havendo uma pequena chance no Oeste e Meio-Oeste, onde o ar começa a ficar mais seco. A condição de geada é favorável principalmente no domingo, nas áreas altas do estado, quando as temperaturas mínimas ficam mais baixas, e possivelmente na segunda-feira, período em que o risco para os cultivos agrícolas aumentam.

Ameixa, pêssego e nectarina

Os pomares estão com plantas em floração ou já apresentando pequenos frutos. Na iminência de geada, a recomendação é fazer o controle por irrigação, no caso de a temperatura baixar de 0°C, sendo que as perdas ocorrem com temperaturas abaixo de -1,5°C. Quem já conta com o sistema, terá resultados positivos no enfrentamento da situação. Quem não tem, deve pensar em instalar, como modo de se preparar para os próximos episódios de geadas, buscando o Programa Irrigar da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.

Uva

As plantas que ainda não brotaram não devem sofrer muito com frio, há uma preocupação com as plantas mais precoces, que estão iniciando a brotação, mas estas correspondem a uma parte dos parreirais catarinenses. De modo geral, quando possível, a recomendação é não realizar poda nesta semana, esperando a onda de frio passar para fazer este manejo.

Maracujá

Suspender o transplantio de mudas até não existir mais risco de geada. Antes da geada, é recomendável antecipar a adubação com potássio. Nos pomares implantados com mudas pequenas, elas podem ser enterradas no final da tarde que antecede à formação da geada, devendo ser desenterradas logo após o evento. Outra possibilidade é cobrir as plantas da melhor maneira possível (com papel pardo, sacos plásticos leitosos ou opacos, palhada e/ou outros materiais que possam resistir à umidade. Evitar uso de jornal, por exemplo).

Banana

Suspender o transplantio de mudas até que o frio passe. Antecipar a colheita dos cachos e ensacar aqueles que não puderem ser colhidos. Também devem ser ensacadas as inflorescências recém emitidas. Após a geada, é importante estar atento à eliminação das folhas secas.

Citros

Nos pomares jovens, com até dois anos, recomenda-se a proteção do tronco contra o frio, usando barreiras físicas como papelão, plástico, capim ou palha, ou ainda, pode-se avaliar a proteção da planta por inteiro.

Morango

O excesso de frio pode ser muito prejudicial a esse cultivo, comprometendo até 80% da produção, já que provoca o aborto floral. A recomendação para evitar prejuízos severos é a cobertura das plantas com plástico branco leitoso, de preferência na forma de túneis, mesmo daquelas já produzidas em ambientes protegidos altos. Também é muito importante não irrigar nem fertirrigar na véspera da geada, para evitar o congelamento da água presente no solo logo abaixo do mulching (plástico de cobertura do solo) ou substrato (sacos de cultivo), o que pode danificar as raízes e matar as plantas. Os túneis devem ser fechados antes da ocorrência da geada. Após a passagem da geada, o produtor deve ficar atento às doenças relacionadas à podridão dos frutos.

Mandioca e aipim

A recomendação é armazenar e proteger do frio as ramas que serão destinadas para o plantio na safra 2020/21. Assim, se evita o comprometimento do material propagativo.

Fumo

Suspender o transplantio de mudas até que o frio passe.

Arroz

Manter água nos arrozais já plantados.

Cereais de inverno e grãos em geral

A recomendação é adiar a aplicação de fungicidas e inseticidas para depois da geada.

Hortaliças

Para as hortaliças em geral, inclusive folhosas, recomenda-se manter aspersores ligados no dia em que a geada ocorre, até o nascer do sol. Isso porque a água tem temperatura maior em relação ao ambiente, formando camada de vapor que protege as plantas do congelamento. As brásicas que estiverem em floração devem ter as folhas amarradas no topo, de modo a proteger os brotos.

Mudas

Quem tem muda de qualquer espécie, deve abriga-las bem nos viveiros. Manter a área do viveiro mais úmida, evitando-se a inversão térmica.

Gado de corte

A principal preocupação é com o crestamento das pastagens, que é a queima da parte vegetativa em decorrência de geadas muito fortes. Na região do Planalto Sul, onde se pratica a integração lavoura-pecuária em larga escala, os grãos já foram colhidos e as áreas estão sendo usadas no inverno para produção de pasto para alimentar o gado, principalmente rebanhos em fase de terminação. Esse mesmo dano pode ocorrer em áreas somente de pastagens cultivadas. Infelizmente, com a ocorrência de geadas e temperaturas negativas, os pastos podem ser severamente afetados, pois a temperatura da relva é menor que a ambiente. Assim, a recomendação é usar o máximo dessa massa para alimentar o gado ainda antes do frio intenso, principalmente nos casos onde se cultiva aveias, que são mais sensíveis a frios intensos.

Gado de leite

Na evidência de problemas causadas pelo frio na pastagem, especialmente da aveia, recomenda-se a utilização de outras fontes de alimento, como silagem e feno. Os animais parindo e as crias devem ser abrigados em locais secos e sem vento. Para proteger os rebanhos adultos do frio, a recomendação é leva-los para locais com árvores, tanto nativas como sistemas silvipastoris, que vão funcionar como quebra-vento.

Apicultura

Os apicultores devem ficar atentos a algumas práticas de manejo para evitar prejuízos nos apiários devido ao frio intenso, que pode provocar o resfriamento do ninho e até mortalidade de larvas. Importante evitar abrir as caixas, pois há perda de calor e muito gasto de energia e alimento para elevar a temperatura às condições adequadas novamente. Não fazer pulverização de ácido oxálico para controle de varroa, pois pode ocorrer o congelamento dentro do ninho. Fornecer alimento proteico, pois nesta época já tem crias; o bife proteico deve ser colocado próximo as crias. Observar e, se necessário, fornecer alimento energético. Fazer a instalação do “alvado invertido” no alvado; emergencialmente, pode ser utilizado a ripa na parte central do alvado. Utilização de poncho ou entretampa horizontal; emergencialmente, pode ser utilizado entretampa de ráfia. Utilização de poncho ou entretampa vertical. Para detalhes destas práticas, acessar o site Apis on Line.

Piscicultura

Se as temperaturas da água ficarem abaixo de 13°C, por períodos acima de 72 horas, pode afetar peixes tropicais, causando estresses, enfermidades e até mortalidade. Assim, as recomendações são: não renovar água dos viveiros quando a temperatura da água de abastecimento, externa, for inferior à temperatura ambiente de cultivo; não manejar os animais (biometria, povoamento, transferência), evitando possíveis estresses; suspender alimentação e fertilização durante período de frio.

Maquinário

Uma questão que pode não ser considerada por muitos agricultores são os prejuízos que o frio extremo pode causar em máquinas e equipamentos, principalmente aqueles que levam água, como as bombas de irrigação, os pulverizadores e os turbo atomizadores. O congelamento da água dentro das bombas pode causar sua danificação. A recomendação é retirar todo o líquido presente. Tratores, caminhões, colheitadeiras, entre outros maquinários, também devem ficar protegidos em galpões e com líquido anticongelante nos radiadores.

Estruturas físicas

Tetos de residências e galpões, além de coberturas de pomares (telas antigranizo) podem ceder diante do acúmulo de neve. No caso das telas, recomenda-se que sejam retiradas ou fechadas para evitar acúmulo. Para galpões e residências, o uso do sal agrícola vai ajudar a derreter a neve acumulada, evitando maiores prejuízos.

Procure o extensionista

No caso de dúvidas, a recomendação é sempre procurar o extensionista da Epagri em seu município. Ele vai poder esclarecer e orientar com mais precisão. Para ver os contatos dos escritórios da Epagri, clique aqui.

Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista, pelo fone (48) 99989-2992