O Boletim Agropecuário de julho, divulgado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), trata da elevação dos preços da maçã, da crescente exportação de suínos e de valores surpreendentemente favoráveis do leite. O Boletim Agropecuário é uma publicação mensal da Epagri/Cepa, com análises das principais cadeias produtivas da agropecuária catarinense.
A maçã está com preços valorizados em função da menor oferta da fruta graúda, decorrente da estiagem que atingiu o Estado nos primeiros meses do ano. A falta de chuvas também resultou em expectativa de safra 2019/20 menor do que a registrada no ciclo agrícola anterior, já que houve queda nas áreas colhidas, principalmente nas microrregiões dos Campos de Lages e de Joaçaba.
Com menor colheita e cerca de 45% da produção comercializada, a estratégia é direcionar as frutas para armazenamento, visando a comercialização no segundo semestre. As maçãs menores seguem para exportação in natura e fabricação de suco. As exportações brasileiras também caíram, tanto no valor quanto no volume, o que reflete a queda na produção catarinense.
Pecuária
As exportações de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) seguem elevadas. Em junho, Santa Catarina exportou 45,50 mil toneladas da proteína, alta de 30,8% na comparação com junho de 2019, apesar da queda de 12% em relação a maio. O faturamento de junho foi de US$94,11 milhões, valor 28,4% maior na comparação com o mesmo mês de 2019. Este é o segundo melhor resultado mensal das exportações catarinenses de carne suína, ficando atrás apenas de maio.
No primeiro semestre Santa Catarina exportou 243,83 mil toneladas de carne suína, com faturamento de US$ 545,87 milhões, alta de 20,6% em quantidade e 38,6% em valor quando comparado ao mesmo período de 2019. Estes valores representam o maior valor e volume já exportados pelo Estado no primeiro semestre desde o início da série histórica, em 1997. Santa Catarina foi responsável por 51,1% das receitas e 51,6% da quantidade de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Surpreendentemente, os meses de junho e julho foram bastante favoráveis à cadeia produtiva do leite, embora o cenário para os próximos meses seja incerto e preocupante. Os levantamentos da Epagri/Cepa mostram que, depois da queda de maio, os preços recebidos pelos produtores catarinenses aumentaram sensivelmente em junho e ainda mais em julho. As importações, por sua vez, caíram consideravelmente no primeiro semestre.
O preço médio do boi gordo em Santa Catarina nas primeiras semanas de julho foi 4,3% superior a junho e 26,8% acima do valor pago no mesmo mês de 2019. Depois de um período de relativa estabilidade no primeiro semestre, nas primeiras semanas de julho foram registradas variações expressivas nos preços de atacado da carne bovina em Santa Catarina. A carne de dianteiro aumentou 5,5% em relação ao mês anterior, enquanto a carne de traseiro variou 2,7%. Na média, a elevação foi de 4,1%.
As exportações de frango em junho caíram 25,7% em relação a maio e 30% na comparação com junho de 2019. O total exportado no sexto mês de 2020 foi de 71,75 mil toneladas de carne in natura e industrializada. As receitas atingiram o montante de US$98,45 milhões, queda de 32,2% em relação ao mês anterior e de 45% na comparação com junho de 2019. No primeiro semestre deste ano a queda com da exportação de frango foi de 32,2% em quantidade e 37,1% em valor, na comparação com o mesmo período de 2019. Santa Catarina foi responsável por 25,6% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango no primeiro semestre.
Grãos
No arroz, os preços pagos ao produtor começam a mostrar sinais de estabilidade, apesar de no mês de julho terem ainda variado positivamente em relação a junho. Desde janeiro, os valores pagos pelo arroz vêm experimentando alta. A safra 2019/20 está encerrada e apresentou produtividade elevada em relação às safras passadas, em razão das boas condições climáticas e adoção de cultivares de alto potencial produtivo.
O feijão está com a safra 2019/20 encerrada, com resultados comprometidos pela estiagem prolongada. O grão teve redução de 3% na área plantada, produção 9% menor e rendimento médio 7% inferior. Em junho, os preços do feijão-carioca recuaram 12% no valor pago pela saca de 60kg para produtores catarinenses que possuem produto disponível para venda.
O milho mantém o preço médio pago ao produtor em elevação. Em junho, o preço médio mensal pago ao produtor em Santa Catarina foi de R$42,29 a saca de 60kg, 1,7% inferior ao de maio e 25,6% superior ao mesmo mês de 2019. O dólar fortalecido e o crescimento da demanda interna e das exportações de carnes são fatores que influenciam o mercado.
Com a safra 2019/20 encerrada e queda de 2,35% na produção, a soja segue com preço em forte alta neste ano, devido principalmente à cotação do dólar. Apesar do recuo de 0,9% no preço em junho, após o pico de maio, o valor pago no mês passado ainda é 31,8% superior ao registrado no mesmo mês de 2019.
O plantio da safra 2020/21 do trigo segue firme em todo o Estado. As lavouras apresentam excelente desempenho agronômico, com o plantio chegando a 60% da área até a primeira semana de julho. Com o mercado de trigo aquecido, os preços seguem firmes. O valor pago ao produtor pela saca de 60 kg subiu 8% em junho.
Hortaliças
O alho segue para a safra 2020/21 com expectativa de crescimento de 8,85% na área plantada, de 11,69% na produção e de 2,61% na produtividade, em comparação ao ciclo agrícola anterior. As importações do produto cresceram 11,1% no primeiro semestre deste ano, chegando a 102,04 mil toneladas, contra 91,84 mil toneladas no mesmo período de 2019. Em junho a China se manteve como a maior fornecedora de alho para o Brasil, seguida pela Argentina, que liderava de novembro de 2019 a abril deste ano.
Para a cebola há uma estimativa de redução de 7,4% na área plantada em relação à safra 2019/20. A produção esperada é de 485.755 toneladas, redução de 8,71%, com produtividade média de 28.850kg/ha, também apresentando pequena redução de 1,42%. O encerramento da safra 2019/20 se deu com os preços em alta, em função da baixa oferta da hortaliça no mercado. Em junho a importação da cebola caiu 53,74% na comparação com maio. Argentina, Holanda e Chile foram os principais fornecedores.
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