Retração da demanda da banana, preços elevados do feijão e do arroz, exportação da soja em alta e queda nas exportações de frangos são alguns dos destaques do Boletim Agropecuário de abril. O documento, elaborado mensalmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), reúne as informações conjunturais de alguns dos principais produtos agropecuários de Santa Catarina.
A demanda retraída da banana vem causando queda nos valores pagos ao produtor, enquanto a produção nos bananais do Norte Catarinense está aumentando. A estratégia está sendo escoar a produção para as exportações e apostar na comercialização em cadeias curtas, buscando mercados locais e redes de varejo. O Sul Catarinense está com problemas para escoar a produção, já que a qualidade das frutas foi reduzida devido à estiagem que atinge a região.
Grãos
O arroz em casca está com preços elevados, mas o desaquecimento da demanda no varejo pode mudar o cenário. O feijão viu seus preços subirem em abril, devido à baixa oferta de produto e elevada procura pelo mercado atacadista. Em abril, o preço pago ao produtor de feijão-carioca teve alta de 45% na praça de referência de Joaçaba. Já o feijão-preto teve uma variação do preço médio mensal de 33%.
O Boletim aponta que a soja verificou um recorde de exportação nos primeiros meses do ano, com mais de 800 mil toneladas embarcadas. Os preços também alcançaram valores inéditos no início de maio, graças ao dólar em forte elevação e à demanda do mercado chinês.
Por outro lado, o Estado deixou de produzir mais de 170 mil toneladas de milho na safra 2019/20 por conta da estiagem, uma perda de cerca de 10%.
O trigo é outro grão que segue com preços em elevação desde outubro, devido principalmente à alta do dólar, dificuldades na importação e aumento da demanda em função da pandemia. Em abril, os produtores catarinenses receberam, em média, R$47,70/saca 60kg, alta de 2,89% em relação ao recebido em março. Em comparação ao mesmo período do ano passado, os produtores estão recebendo 13,4% a mais.
Hortaliças
A safra catarinense de alho 2019/20 está na fase final de comercialização, com resultados satisfatórios em termos de retorno econômico aos produtores. A maior preocupação da cadeia produtiva é com relação à estiagem que persiste nas regiões produtoras, podendo afetar o início da nova safra, cujo plantio começa neste mês.
A cebola viu os preços pagos ao produtor se elevarem gradativamente, indo de R$0,60/kg no início de janeiro para R$3,50/kg no final de abril. Os bons preços internos favoreceram a importação da hortaliça. Em abril, foram importadas 48,48 mil toneladas de cebola, provenientes da Argentina, Chile e Holanda.
Pecuária
As exportações de frango catarinense enfrentaram queda de 12,3% em abril em relação a março e de 45,2% na comparação com abril de 2019. As receitas foram de US$122,16 milhões, queda de 14,7% em relação a março e de 48,8% na comparação com abril de 2019. O quadro reflete a queda no primeiro quadrimestre, quando o Estado exportou 326,65 mil toneladas de carne de frango, 32,3% a menos na comparação com o mesmo período de 2019. Santa Catarina foi responsável por 25,9% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango este ano, participação inferior à média do ano passado (31,7%).
No caso dos suínos, houve queda de 6% nas exportações catarinenses na comparação entre abril e março, mas ainda assim foi registrado crescimento de 2,5% quando se coloca como parâmetro as exportações de abril de 2019. No primeiro quadrimestre, Santa Catarina exportou 146,60 mil toneladas de carne suína, com faturamento de US$338,15 milhões, alta de 13,5% em quantidade e 39,8% em valor, quando comparado ao mesmo período de 2019. O Estado foi responsável por 52,3% das receitas e 52,9% da quantidade de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Os preços do boi gordo apresentaram movimentos distintos nas primeiras semanas deste mês. Em Lages, a média preliminar de maio está 1,2% abaixo do preço médio do mês anterior, enquanto Chapecó registra alta de 1,4% no mesmo período. O preço médio estadual de maio, composto por dez praças distintas, apresenta queda de 0,5% em relação a abril.
No caso do leite, o preço médio pago em maio aos produtores catarinenses deve ficar bem abaixo do de abril. Além disso, as indústrias estão estimulando a redução da produção. Mesmo em plena entressafra e com redução do volume produzido pela estiagem, alegam que o mercado não absorve a produção atual e os estoques são crescentes.
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