A falta de chuva vem causando prejuízo na agricultura do estado. A estiagem que começou em junho de 2019 já é considerada a mais severa dos últimos anos. Segundo Glaucia de Almeida Padrão, analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri/Cepa, atualmente, praticamente todas as regiões estão afetadas, com exceção do litoral Norte e uma parte do Litoral Sul.
Até agora as lavouras de milho apresentaram redução de 10% de produção, na comparação com o ano passado. A perda apontada nas lavouras de feijão é de 7%. Para a soja, a previsão de perda na produtividade é de 20% em algumas regiões. “Porém ela não é plantada em todo o Estado, então até agora temos de forma geral 1% de perda de produção”, informa a analista. Além disso, mais de 50% das pastagens foram danificadas pela estiagem, reduzindo o ganho de peso e produção de leite dos animais.
A previsão climática para os próximos meses não traz notícias boas. De acordo com a equipe de meteorologia da Epagri/Ciram, os meses de maio, junho e julho mostram um trimestre com chuvas abaixo da média e chuvas mal distribuída no território catarinense.
Uma medida que pode vir a mitigar os efeitos da estiagem é a instalação de sistemas de irrigação nas propriedades rurais.
O extensionista rural da Epagri do município de Timbé do Sul, Filipe Kinalski, conta que a demanda pela técnica de irrigação aumentou significativamente no Sul do estado. Agricultores estão buscando assistência técnica na elaboração de projetos e informações sobre essa técnica de manejo.
A irrigação é um recurso para racionalizar a aplicação de água às culturas de maneira complementar. É uma técnica recomendada para todas as culturas com interesse econômico.
“Deve-se salientar, contudo, que a irrigação é uma tecnologia agrícola final, ou seja, o agricultor que pretende utilizá-la deve também analisar outros fatores que chamamos de básicos como: fazer práticas de uso, manejo e conservação do solo; correção da fertilidade do solo com base em análise química; escolha das melhores cultivares adaptadas à sua propriedade; adubações de manutenção e cobertura; combate à pragas e doenças e; aplicar tecnologias que promovam altas produções para aí sim fazer um investimento em sistemas de irrigação” – explica Filipe.
O dimensionamento de um sistema de irrigação engloba muitos pontos. O engenheiro-agrônomo responsável pelo projeto avalia o tipo de solo, tipo de lavoura, fase de desenvolvimento da cultura e recomenda o momento da aplicação. Quando bem dimensionado, o projeto evita o escorrimento superficial de água ou encharcamento e reduz em quase 100% os danos causados pela estiagem. Além disso, a água que não é absorvida pelas plantas, volta para o ciclo natural da água, não havendo desperdício desse recurso natural tão importante.
O extensionista explica que, de maneira geral, em Santa Catarina chove mais do que as culturas necessitam, mas de maneira desuniforme, sobrando em alguns momentos e faltando em outros. A Epagri orienta que a água da chuva seja captada por meio de reservatórios, mas também pode ser retirada de açudes e rios com o devido licenciamento ambiental e outorga de uso da água, conforme a legislação determina.
Muitas outras culturas, com importância regional, apresentaram danos causados pela estiagem. Na região Sul do estado, por conta da estiagem, a produção de maracujá teve queda de 9,5% em relação ao esperado. Além dos maracujazeiros, os agricultores sentiram perdas na produção da pitaia, pastagens, milho e fumo.
Filipe alerta para a compra de equipamentos sem ter como base um projeto. “Muitos agricultores estão vindo ao escritório em busca de orientações para ajustes de equipamentos existentes na propriedade. O pessoal acaba comprando bomba, tubulações, aspersores fora do padrão e precisa de ajuda para colocar em funcionamento. Nesses casos é difícil o técnico resolver muita coisa.”
A orientação da Epagri é procurar por um engenheiro agrônomo para que seja realizado o projeto, o licenciamento ambiental, a outorga de uso da água e que se priorize a reservação de água.
A secretaria da agricultura oferece uma linha de crédito especial para investimentos em sistemas de abastecimento de água. São oferecidas linhas de apoio à construção de cisternas e sistemas de abastecimento. Em 2019, foram apoiados 538 projetos de irrigação, num investimento de R$ 182,9 mil em subvenção de juros de financiamentos. O projeto Irrigar é uma delas e tem como objetivo incentivar a irrigação das lavouras e pastagens, envolvendo o armazenamento de água em tanques escavados ou ainda em pequenos barramentos e os equipamentos necessários para captação e distribuição da água, obrigatório para irrigação.
Para mais informações, procure o escritório da Epagri do seu município.