Os estragos provocados pela erosão em Irineópolis, no Planalto Norte Catarinense, fez com que a Epagri e a prefeitura do município se unissem e em 2018 lançassem o Programa Municipal de Conservação do Solo, da Água e das Estradas Rurais. O objetivo foi desenvolver uma agricultura sustentável, buscando aumentar as produtividades agrícolas, preservando e recuperando os recursos hídricos, além do controle e prevenção dos processos erosivos do solo.
As ações integram um programa de âmbito Regional (Planorte Água e Solo) e são referência estadual devido aos resultados obtidos na melhoria da qualidade da água, através do manejo adequado do solo, da proteção das nascentes e do destino correto dos dejetos animais. Para marcar o dia nacional de conservação do solo, comemorado em 15 de abril, destacamos aqui os resultados do município.
Irineópolis tem o tabaco como uma das principais culturas agrícolas, seguida da produção de grãos e da bovinocultura de leite. As atividades agropecuárias são desenvolvidas por cerca de 1.445 famílias. Em dois anos de Programa, mais de 500 famílias vêm sendo assistidas e utilizam práticas de manejo de solo adequadas, 114 escolares já foram capacitados, 15 quilômetros de estradas rurais foram readequadas, 30 propriedades fazem o destino correto de dejetos animais, 10 fontes de água foram protegidas, 63 hectares de áreas foram terraceadas e plantadas em nível e capacitações continuadas de agricultores e escolares vem sendo executadas através de unidades demonstrativas.
Para a difusão de práticas conservacionistas de manejo do solo, a Epagri está implantando uma Unidade de Referência Técnica (URT) em uma propriedade rural. Além disso, os agricultores recebem, principalmente através de atendimentos e visitas, orientações técnicas focadas na introdução de práticas de cobertura de solo, Sistema Plantio Direto, adubação e calagem, demarcação de curvas de nível e construção de sistemas de terraceamento, recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, produção Integrada, recomposição de matas ciliares, preservação e uso sustentável dos recursos hídricos e tratamento de dejetos animais.
Também vêm sendo realizados eventos técnicos grupais como dias de campo, seminários, reuniões com demonstração de métodos, oficinas e palestras nas diversas comunidades do município. O objetivo é difundir conhecimentos técnicos relativos ao manejo adequado do solo e da água e sensibilizar a população sobre os prejuízos ocasionados pelo manejo inadequado desses recursos naturais.
Outras ações são palestras nas escolas municipais estimulando as práticas de preservação ao meio ambiente, conscientizando as crianças desde cedo sobre a importância da sustentabilidade. Professores da rede pública municipal também vêm recebendo capacitação sobre o solo e a água.
Práticas conservacionistas
Uma das práticas de grande impacto adotadas pelos agricultores foi o plantio direto. Segundo o extensionista rural da Epagri no município, Alex Caitan Skolaude, a técnica tem sido efetiva em diminuir as perdas de solo, principalmente pela cobertura vegetal absorver o impacto das gotas de chuva, evitando o selamento superficial pela redução da desagregação, e reduzindo a velocidade do escoamento superficial. “Aliado a essa prática, o terraceamento e o plantio em nível são tecnologias que auxiliam no processo, contendo as enxurradas e aumentando a infiltração de água no solo. Esse fato torna o solo um verdadeiro reservatório de água, que é armazenada temporariamente e disponibilizada às plantas, com isso reduzindo o risco de escassez hídrica em períodos de estiagens “, ressalta Alex.
Outra ação executada foi o planejamento adequado das estradas. Alex relata que o manejo inadequado dos solos produtivos levou o município a gastar, em 2017 (um ano antes do Programa começar) cerca de R$5 milhões com a recuperação de estradas danificadas. “Disciplinar as águas pluviais dentro das propriedades, favorecendo a máxima infiltração no solo é fundamental para a conservação das estradas rurais. Em um município de base agrícola é imprescindível que se tenha estradas com ampla trafegabilidade, visto a necessidade de utilização para todo o processo produtivo, principalmente para o escoamento da produção”, ressalta o extensionista.
O extensionista explica que outra ação é orientar os agricultores para uma adubação equilibrada para as plantas expressarem seu potencial produtivo. “Desenvolvemos significativo trabalho na recomendação de adubação e calagem com base em análises de solo. Foram 219 propriedades que receberam recomendações de adubação e calagem, as quais utilizaram 2,5 mil toneladas de calcário que foram disponibilizadas através do programa Terra Boa”, diz.
Na parte ambiental estão traçadas diversas ações para evitar a poluição e a contaminação dos recursos hídricos, como a proteção das nascentes de água nas propriedades, que reflete na melhoria da qualidade e garante o abastecimento de água a família. “Além disso, a construção de esterqueiras para destino adequado dos dejetos animais permite ao agricultor utilizar o dejeto como adubo orgânico para a produção agrícola na propriedade, reduzindo o custo com fertilizantes e inibindo a contaminação do solo e dos cursos d’água”, reforça o extensionista.
Investimentos – Desde que foi lançado o Programa, em 20 de julho de 2018, foram empregados R$8,6 mil com custeio dos veículos do escritório municipal da Epagri, como combustível e manutenção. Também foram investidos R$ 800 mil com a adequação de estradas rurais, bem menos do que foi gasto em 2017 para recuperação de estradas danificadas. O Programa integra a sociedade e envolve diversos órgãos públicos e privados como companhias fumageiras, cooperativas agrícolas, agências bancárias, sindicatos, conselhos, associações e empresas de planejamento agropecuário.
Informações e entrevistas
Alex Caitan Skolaude, extensionista rural da Epagri em Irineópolis, pelo fone (47) 99108-1221
Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista, pelo fone (48) 99989-2992