Pesquisadores da Epagri relatam ocorrência inédita em SC de praga dos citros
  • Post publicado:16 de dezembro de 2019
  • Categoria do post:Mídia
Adultos do inseto foram coletados em Coronel Freitas em abril de 2019

Pesquisadores do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), em Chapecó, relataram pela primeira vez a ocorrência da mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi) em Santa Catarina. As infestações do inseto podem resultar em perdas de produção, redução da qualidade dos frutos e aumento de custos de produção em função de eventuais pulverizações.

O inseto foi encontrado infestando de forma relativamente severa um pomar doméstico de citros, no munícipio de Coronel Freitas, em abril de 2019. Brotações infestadas com ovos, ninfas e adultos do inseto foram coletadas, e o material foi enviado ao Laboratório de Fitossanidade da Epagri/Cepaf, onde foi identificado.

O registro da ocorrência foi publicado na principal revista científica especializada em citricultura do Brasil, a Citrus Research & Technology, editada pelo Centro de Citricultura Sylvio Moreira, vinculado ao Instituto Agronômico (IAC, São Paulo). Os pesquisadores da Epagri/Cepaf Rodolfo Vargas Castilhos, Eduardo Cesar Brugnara e Rafael Roveri Sabião estão entre os autores do artigo da publicação, disponível em https://citrusrt.ccsm.br/article/doi/10.4322/crt.18919.

A mosca-negra-dos-citros suga a seiva da planta, que leva ao seu enfraquecimento. Em consequência, um fungo escuro conhecido como fumagina cresce sobre ramos, folhas e frutos infestados, causando redução da respiração e fotossíntese.  O pesquisador em entomologia da Epagri/Cepaf, Rodolfo Vargas Castilhos, ressalta que apesar da praga não ser altamente destrutiva, as infestações da mosca-negra-dos-citros podem trazer prejuízos aos produtores, o que torna necessário o monitoramento da ocorrência desta espécie e um plano de manejo integrado para evitar sua disseminação.

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Fumagina cresce sobre ramos, folhas e frutos infestados

Santa Catarina tem 1.907 hectares de citros, cujo valor bruto da produção alcançou R$ 16,7 milhões em 2017. Os pomares cítricos têm grande relevância para o Oeste do Estado, onde as plantas também são frequentes em pomares domésticos. Mais de 70% das propriedades rurais da região têm plantas cítricas cultivadas para consumo da família e venda ocasional de excedentes. Os pomares domésticos raramente são pulverizados com produtos fitossanitários para o controle de pragas, assim como muitos pomares comerciais.

Além de ser um problema para a citricultura catarinense, a ocorrência da mosca-negra-dos-citros no Oeste do Estado representa um risco para a dispersão dela para o Rio Grande do Sul. A área colhida de laranjeiras, limoeiros e tangerineiras no Rio Grande do Sul em 2017 foi de cerca de 35 mil hectares, com valor bruto da produção aproximado de R$ 390 milhões.

A mosca-negra-dos-citros é uma importante praga da citricultura mundial, com ocorrência em regiões tropicais e subtropicais como África, Índia Ocidental, Oceania e Américas Central, do Norte e do Sul. No continente sul-americano ela já foi encontrada na Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname, Peru, Guiana, Paraguai e Argentina

No Brasil, o primeiro relato da praga aconteceu em 2001, no Pará. Atualmente está presente em praticamente todos os estados do país, com exceção do Acre, do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal, seja em pequenos focos ou em áreas de produção comercial.

O inseto pode infestar mais de 300 espécies de plantas, como mangueira, cajueiro, abacateiro, mandioca, goiabeira, pitangueira, aceroleira e plantas ornamentais. Assim, o seu transporte em mudas não cítricas é uma hipótese plausível para explicar a sua introdução em Santa Catarina, acreditam os pesquisadores da Epagri/Cepaf.

Diante do potencial risco que mosca-negra-dos-citros oferece à citricultura catarinense, os pesquisadores da Epagri/Cepaf recomendam o monitoramento da sua ocorrência nas principais regiões citrícolas, quantificação dos danos e estabelecimento de um plano de manejo integrado regional, a fim de evitar o aumento da sua disseminação e minimizar os impactos negativos na produção.

Informações e entrevistas
Rodolfo Vargas Castilhos, pesquisador da Epagri/Cepaf, pelo fone (49) 20497526

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