A alta nos preços pagos ao produtor em culturas agrícolas importantes para o Estado é a principal notícia do Boletim Agropecuário de outubro emitido pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). Itens como milho, soja, arroz e feijão estão valorizados nos mercados nacional e internacional.
Grãos
O milho brasileiro passa por um momento de aumento significativo das exportações. No acumulado até setembro, o Brasil exportou 28,9 milhões de toneladas, volume 25% maior que embarcado em 2018. A alta do dólar é o fator que está favorecendo as exportações, mantendo os preços internos fortalecidos. Em Santa Catarina, o ritmo de plantio se intensifica após as chuvas de início de outubro, contudo a área cultivada com milho grão recua 1,4% na safra 2019/20.
A soja foi outro produto cujo preço apresentou reação em Santa Catarina durante o mês de setembro, ficando 5,7% superior em relação a agosto. A quebra da safra americana, o cenário das relações comerciais entre China e Estados Unidos e o câmbio são fatores que estão fortalecendo os preços nos mercados internacional e nacional. A área cultivada com o grão retoma a expansão no Estado, com uma estimativa de aumento de 1,05% na comparação entre as safras 2019/20 e 2018/19. Com o retorno das chuvas no início de outubro, os plantios se intensificam em todas as regiões produtoras. Até a primeira semana de outubro, 16% da área estava semeada.
Os preços do arroz também seguem em alta. Essa situação é normal para o período, marcado pela entressafra e pela finalização da comercialização. O plantio em Santa Catarina está atrasado em relação às safras anteriores. O nível dos rios está dificultando o andamento do cultivo e em algumas regiões e a baixa luminosidade prejudica o desenvolvimento de algumas lavouras.
O feijão carioca foi cotado a R$ 117,84 a saca 60kg em Santa Catarina, alta de 7,18% em relação ao mês anterior e de 42% em um ano. Já os preços do feijão preto se mantiveram estáveis, cotados a R$122,00 a saca de 60kg. Mesmo com preços atraentes, produtores catarinenses estão desmotivados para o plantio do feijão 1ª safra. A previsão é de redução de cerca de 4% na área plantada.
Em setembro, os produtores catarinenses também receberam mais pelo trigo. O preço médio de R$ 43,41 pago pela saca de 60kg foi 0,2% maior do que os R$43,33 verificados em agosto. Em relação ao ano passado, a valorização chega a 1%. Porém, a expectativa dos analistas da Epagri/Cepa é de uma oscilação negativa nos valores para breve, já que muitos moinhos e agroindústrias realizaram compras futuras e agora estão recebendo o produto que foi adquirido a preços antigos.
Hortaliças
O ambiente mais seco provocado pela estiagem promoveu boas condições fitossanitárias para as lavouras catarinenses de cebola e alho. Por outro lado, a falta de chuvas obrigou os produtores a usar com intensidade a irrigação, elevando os custos de produção nas duas culturas.
Os produtores de alho comemoram a queda da importação. Segundo o Boletim Agropecuário, setembro registrou a menor volume importado dos últimos 22 meses, totalizando um pouco mais de 7 mil toneladas. Essa conjuntura é positiva para a cadeia produtiva catarinense, que tem a colheita para os próximos meses.
No caso da cebola, a falta de chuva trouxe também uma pequena redução da área plantada nas regiões de Joaçaba e Campos de Lages. Contudo, os analistas entendem que isso não representa um grande problema para a cadeia produtiva, visto que, se mantidas as atuais condições, essa redução de 1% na área total do Estado deve ser compensada pela produtividade das lavouras.
Pecuária
Em setembro, Santa Catarina exportou 84,68 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), alta de 1,25% em relação ao mês anterior, mas queda de 27,63% na comparação com setembro de 2018. Em termos de receitas, o estado exportou US$ 148,84 milhões em setembro, queda de 2,12% em relação ao mês anterior e de 23,43% na comparação com setembro de 2018. De janeiro a setembro, Santa Catarina exportou 993,52 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 1,73 bilhão, aumento de 13,69% em quantidade e de 18,36% em valor, quando comparado ao mesmo período de 2018. O estado foi responsável por 33,77% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos três primeiros trimestres do ano.
Em relação à carne suína, Santa Catarina exportou 33,01 mil toneladas em setembro (in natura, industrializada e miúdos), alta de 12,67% em relação ao mês anterior e de 0,45% na comparação com setembro de 2018. O faturamento de setembro foi de US$ 72,35 milhões, alta de 15,74% em relação a agosto e de 32,81% na comparação com setembro de 2018. Nos três primeiros trimestres do ano, o estado exportou 299,09 mil toneladas de carne suína, aumento de 17,90% em relação ao mesmo período de 2018, com faturamento de US$ 602,75 milhões, alta de 28,64% na comparação com o ano anterior. Santa Catarina foi responsável por 56,02% das receitas e 57,74% da quantidade de carne suína exportada pelo Brasil este ano, reforçando a posição de principal exportador desta proteína no país.
Os preços do boi gordo nas duas praças de referência em Santa Catarina (Chapecó e Lages) mantêm-se inalterados desde março deste ano. A média estadual apresenta pequena oscilação de 0,21% no preço preliminar de outubro em relação a setembro. Na comparação entre os preços atuais e aqueles praticados em outubro de 2018, a variação é de 2,07% em Chapecó e 3,77% em Lages, enquanto a média estadual variou 4,68% no período.
A produção leiteira catarinense tem crescido a cada ano. No primeiro semestre de 2019, a quantidade de leite adquirida pelas indústrias catarinenses alcançou 1,278 bilhão de litros, superando em 6,7% a quantidade do mesmo período de 2018 (1,198 bilhão de litros). Mesmo com a estiagem dos últimos meses prejudicando a produção das forragens, a captação de leite junto aos produtores permaneceu crescente. A Epagri/Cepa ainda não tem os levantamentos regionais de preços aos produtores relativos ao mês de outubro, mas, como o mercado de lácteos não tem dado indicações de melhora, o cenário mais provável é de que as indústrias paguem valores próximos aos de setembro.
Confira AQUI a íntegra do Boletim Agropecuário de outubro.
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