Tradicionalmente o abate de bovinos na indústria brasileira de carnes se dá quando o animal tem mais de 36 meses. Atendendo ao mercado consumidor, agricultores estão investindo no sistema de produção de novilhos precoces, em que os animais são entregues ao frigorífico com até 30 meses.
Com um mercado consumidor cada vez mais exigente, a carne de Santa Catarina segue altamente valorizada. Isso é resultado de intenso trabalho das famílias agricultoras, que oferecem um produto diferenciado. Na indústria brasileira de carne bovina, cuja realidade é o abate acima dos 36 meses, o novilho precoce traz importantes diferenciais. A carcaça apresenta a quantidade de gordura adequada e, como é abatido entre 18 e 30 meses, a carne é suculenta e macia.
“O consumidor quer uma carne saborosa e de boa qualidade. E o frigorífico, para atender essa demanda, precisa de um animal novo, abatido até os 2 anos de idade e que tenha uma boa gordura de cobertura. Essa gordura é muito importante para a transformação do músculo em carne e pra proteção desse músculo do frio, evitando o ressecamento do produto”, explica Marcelo Bortolan, extensionista rural da Epagri.
Dorival de Rochi, agricultor de Treze de Maio, optou pelo sistema de produção de novilho precoce. Ele nos conta como faz o manejo para que os animais estejam acabados, ou seja, prontos para o abate, precocemente: “Para produzir novilho precoce, além do pasto eu ofereço aos animais um suplemento de milho. Compro bezerro na média de 200 kg e quando os animais ficam só nas pastagens eles vão pro frigorífico com uma média de 530 kg, aos 3 anos de idade. Mas quando deixo esses animais no sistema de semiconfinamento, antes dos 2 anos de idade, já consigo entregar para o frigorífico pesando cerca de 430 kg”, diz ele.
O frigorífico oferece uma bonificação de até 10% a mais no valor da carcaça para animais com até 2 anos de idade que estejam bem acabados, além do desconto no ICMS de 3,5% que o agricultor recebe pela venda de novilhos precoces.
No sistema de semiconfinamento os animais tem a alimentação à base de pasto, e ao mesmo tempo recebem uma suplementação à base de milho. Essa suplementação fornece energia suficiente para que os animais formem a gordura de acabamento.
Um diferencial que permite o sucesso da atividade na propriedade do seu Dorival é a diversificação das pastagens. “O seu Dorival tem pastagens adaptadas ao frio, outras mais adaptadas a seca, ao encharcamento, etc. Dificilmente alguma época do ano vai faltar forragem. Ele consegue se organizar de acordo com as condições climáticas e com a situação dos animais pra que ele sempre tenha pastagem em abundância e de qualidade”, diz Danieli Zitterell, extensionista da Epagri.
Para manter a qualidade das pastagens, foi feita a correção de pH e de fertilidade dos solos da propriedade. A correção iniciou em uma pequena área de 4 hectares. “Foi uma novidade para o produtor que não tinha o hábito de adubar o pasto de acordo com a análise de solo. Então ele iniciou nessa área pequena, viu o resultado e agora ele corrige as áreas anualmente” – explica Danieli.
Seu Dorival conta quais foram os avanços na propriedade desde que começou a receber a assistência técnica da Epagri. “Hoje meu rebanho tem cerca de 330 cabeças, mas não foi sempre assim. Até 2017 o rebanho era formado por 210 animais. Com o melhoramento das pastagens, adubação, piqueteamento, distribuição de água para os animais e o semiconfinamento, eu consegui aumentar em 50% o meu plantel de gado” – se orgulha Dorival.
Veja aqui a reportagem sobre esse assunto produzida pela equipe de TV da Epagri.