A Epagri fez o primeiro registro da presença do ácaro-vermelho-das-palmeiras Raoiella indica Hirst (Acari; Tenuipalpidae) em Santa Catarina. A espécie, encontrada em Tubarão, no Sul do Estado, representa uma ameaça à bananicultura e à produção de palmeiras para obtenção de palmito, que são atividades econômicas de peso na região litorânea. “O ácaro tem potencial para comprometer essas cadeias produtivas catarinenses. Potencialmente causador de danos a diversos hospedeiros, ele está historicamente associado a espécies pertencentes a essas duas famílias botânicas”, alerta Ildelbrando Nora, pesquisador da Epagri na Estação Experimental de Itajaí, que liderou o estudo.
A descoberta resultou de um levantamento para verificar a ocorrência do ácaro em Santa Catarina depois de ele ser identificado em diversos estados brasileiros. A inspeção foi executada em 2016 e 2017 pela Epagri em parceria com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC (Cidasc) e abrangeu unidades de produção, viveiros e comércio de mudas em áreas urbanas e rotas de risco. O trabalho totalizou 188 inspeções em 23 municípios no Litoral Norte, no Vale do Itajaí, no Litoral Sul e no Planalto Norte.
O ácaro foi encontrado em amostras coletadas pela Cidasc em abril de 2017 em um estabelecimento comercial de flores e plantas ornamentais de Tubarão. A espécie estava associada às palmeiras fênix (Phoenix roebelenii O’Brien) e leque (Licuala grandis (hort. ex W. Bull) H. Wendl.), ambas em vasos destinados ao comércio varejista.
Impacto na produção
A descoberta da praga em Santa Catarina gerou preocupação entre bananicultores e produtores de palmito. Ildelbrando explica que o impacto a essas cadeias produtivas poderá trazer reflexos aos produtores, às agroindústrias e às exportações de produtos in natura.
O controle biológico dessa praga está sendo amplamente estudado, mas ainda não foi encontrado um inimigo natural com potencial para controlar a espécie invasora. “A erradicação desse ácaro é uma técnica inviável devido ao curto ciclo de vida da espécie, ao número de gerações que ele pode produzir em um ano e à diversidade de hospedeiros. Num momento em que se buscam manejos racionais para a produção de alimentos, com menor uso de agrotóxicos, ele surge como um severo complicador”, diz o pesquisador.
Dispersão rápida e perigosa
O ácaro-vermelho-das-palmeiras foi identificado na Índia em 1924, associado a coqueiros e poucas espécies de plantas hospedeiras. Aos poucos, se dispersou por outros países, até que foi detectado em 2007 na Venezuela. Quando chegou à América, a gama de hospedeiros já abrangia 96 espécies de plantas. No Brasil, o R. indica foi identificado em 2009, em Boa Vista (RR). A partir daí, avançou para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
O ácaro-vermelho-das-palmeiras tem aspecto oval achatado, com cerdas rígidas no dorso. A fêmea adulta mede 0,32 milímetros de comprimento. O inseto ataca as folhas e se multiplica, provocando lesões até matar a planta.
A dispersão da espécie é rápida e agravada por uma série de fatores. “Há diversidade de hospedeiros nativos, intensa circulação de plantas hospedeiras em viveiros artesanais, floriculturas e viveiros comerciais, bem como frutos e produtos manufaturados oriundos de regiões onde a praga já está estabelecida”, acrescenta o pesquisador Ildelbrando Nora.
Mais informações: Ildelbrando Nora, pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Itajaí – ildelbrandonora@epagri.sc.gov.br, (47) 3398 6346.