De acordo com a última edição do Boletim Agropecuário, em novembro o preço médio mensal pago aos produtores de milho e de soja em Santa Catarina apresentou alta de 8,3% e 2,4, respectivamente, enquanto o do feijão-preto recuou 9,52% e o do feijão-carioca 2,21% em relação ao mês anterior. O Boletim Agropecuário é uma publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa) que apresenta os dados atualizados do acompanhamento das safras e do mercado dos principais produtos agropecuários catarinenses. Confira mais detalhes a seguir.
Milho
Conforme o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Haroldo Elias, além de fechar novembro com alta nos preços, nos primeiros 10 dias de dezembro a cotação média estadual do milho ultrapassou os R$68,00 a saca e indica a continuidade de elevação dos preços no mês. “Isso se deve à maior demanda interna pelo cereal, a entressafra no Brasil e a concorrência com as exportações, além de fatores do mercado externo, como a redução dos estoques mundiais e maiores exportações pelos Estados Unidos”, diz ele.
Para a primeira safra, a área de cultivo diminuiu 11,3% em comparação com a safra passada. Apesar da redução da área de cultivo, é previsto um aumento da produção em função da expectativa do incremento da produtividade média de aproximadamente 25% na safra atual, alcançando a produtividade em 8.523kg/ha. Com isso, a produção estimada está em 2,23 milhões de toneladas no estado.
Soja
Apesar de fechar novembro com alta nos preços de 2,4% em relação ao mês anterior, nos 10 primeiros dias de dezembro, na comparação com o preço médio de novembro, é possível perceber movimento baixa de 0,5% . “O fator de destaque no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos de dezembro foi a revisão da produção mundial de soja de 394,8 milhões de toneladas na safra 2023/24 para 427,1 mil toneladas para a safra 2024/25. Na atual safra de 2024/25, os levantamentos realizados pela Epagri/Cepa apontam para um aumento de 2,09% da área plantada, alcançando 768,6 mil hectares na primeira safra”, diz ele.
A produtividade média esperada deverá crescer significativamente. A expectativa é um incremento de 8,56%, chegando a 3.743kg/há. Com isso, é esperado um aumento de 10,8% na produção, com um volume colhido de aproximadamente 2,87 milhões de toneladas de soja 1ª safra.
Feijão
No mês de novembro, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca recuou novamente, a variação mensal foi negativa em 2,21%. Para o feijão-preto, o preço médio também recuou 9,52%. Na comparação com novembro de 2023, o preço médio da saca de feijão-preto está 1,24% mais alto. Para o feijão-carioca, foi registrado uma redução de 10,05% na variação anual.
Segujdo o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, João Alves, durante o mês de novembro, as condições das lavouras não foram tão favoráveis como no mês anterior em função do excesso de chuvas (85% boa, 13% média, 2% ruim). Cerca de 85% da área destinada ao cultivo de feijão 1ª safra já foi semeada, sendo esperado um aumento de 11% na produtividade média e 19% na produção. Assim, deverá ser colhido aproximadamente 57 mil toneladas de feijão. Desse total, 41 mil toneladas deverão ser do tipo feijão-preto, e 16 mil toneladas do tipo feijão-carioca.
Arroz
Os preços do arroz em casca no mês de novembro e primeiro decêndio de dezembro continuaram tendência de queda iniciada no final de outubro. Com a finalização do plantio e o desempenho das lavouras que tem apontado para uma safra boa, os preços passaram a cair em novembro e mantiveram essa trajetória em dezembro, apesar deste ser um comportamento atípico para o período do ano. No que tange o comércio internacional de arroz, de janeiro a novembro de 2024 foi exportado o equivalente a US$3,586 milhões.
Do lado das importações, de janeiro a novembro de 2024 o valor foi 25,93% maior do que o observado no mesmo período de 2023. “Entre as explicações para tal comportamento destaca-se a menor oferta interna, resultante de problemas na safra enfrentados pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, afirma a analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Gláucia Padrão.
O plantio da safra catarinense de arroz do ciclo 2024/25 encontra-se encerrado em todas as regiões do estado, confirmando uma área de aproximadamente 145 mil hectares. “De maneira geral, a maioria das lavouras encontra-se nas fases de emergência e estabelecimento inicial, condizente com o esperado para a cultura neste período do ano, e 95% em condição boa.
Trigo
Em novembro, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses de trigo teve mais uma redução: nesse mês foi registrado variação negativa de 1,90%. “Na variação anual, em termos reais, ainda temos números positivos com uma alta de 8,91%”, revela João Alves. A colheita de trigo no estado está tecnicamente encerrada. O destaque dessa temporada é a qualidade do produto colhido, segundo os relatos de nossos agentes de mercado, o PH 78 foi o mais comum nessa safra, fator que deve resultar numa boa rentabilidade aos produtores.
De acordo com o monitoramento da safra de trigo, a área plantada estimada é de pouco mais de 122,7 mil hectares, redução de 10,8% em relação à safra passada. Até o momento, a expectativa é que a produção estadual deverá crescer 38%, chegando a aproximadamente 424,5 mil toneladas. Nessa safra, houve recuperação na produtividade média estadual, que passou de 2.237kg/ha, obtidos na safra 2023, para 3.460kg/ha em 2024.
Alho
No mês de novembro os preços do alho se mantiveram estáveis nas principais centrais de abastecimento. O preço médio para o alho classes 4-5 foi foi de R$21,53/kg e os classes 6-7 a R$25,50/kg. O preço médio ao produtor do alho classes 4-5 no mercado catarinense no mês foi de R$17,00/kg, aumento de 3,65% em relação ao mês de setembro. A safra 2024/25 está na fase final de desenvolvimento, sendo 75 % colhida e 25% em estágio de maturação. A condição da lavoura é considerada 95% como boa e 5% média.
No mês de novembro, foram importadas 6,38 mil toneladas de alho, quantidade 19,92% maior que no mesmo mês do ano passado. De janeiro a novembro, as importações foram de 126,66 mil toneladas, um aumento de 21,6 % em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 98,91 mil toneladas.
Cebola
Levantamento junto aos parceiros informantes da Epagri/Cepa indicaram preço referencial de R$19,15 a saca de 20kg, preço abaixo do custo médio, que gira em torno de R$1,67/kg.
A estimativa de produção para a safra é de 554,95 mil toneladas, com oferta elevada no momento. Esse fator, aliado à a entrada da produção do Paraná desde o início de novembro, colaborou para uma redução de 9,02% nos preços do atacado em dezembro, que passaram para R$48,67/sc, enquanto em novembro foi de R$53,50/sc.
Em Santa Catarina, 41% da área plantada foi colhida. A condição da lavoura é de 83% boa, 13% média e 4 % é considerada ruim. A estimativa atual de produção é de 554,9 mil toneladas.
Maçã
O mercado da maçã em Santa Catarina e no Brasil apresenta escalonamento para escoar as frutas da safra 2023/24 nas classificadoras. Entre outubro e novembro de 2024, o preço médio das maçãs no atacado de Santa Catarina obteve desvalorização, devido à qualidade e concorrência de frutas importadas com cotações competitivas no mercado.
Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras de maçã estão com volume 72,0% menor que o do ano anterior para o período devido à redução de na quantidade produzida da fruta na safra 2023/24. As importações brasileiras de maçã estão com volume 37,7% maiores que o do ano anterior para o período. Já as exportações brasileiras de suco de maçã, entre janeiro e novembro de 2024, estão com volume 41,6% menor que o do ano anterior para o período.
A expectativa da safra 2024/25, em relação à anterior, é de recuperação de 45,5% na produção estadual, mas com possibilidade de redução na estimativa. Para a maçã Fuji, com 54,4% da produção estimada, é prevista recuperação de 54% em relação à safra anterior. Na maçã Gala, com 44% da produção estimada, há expectativa de recuperação de 38,8% em comparação ao ciclo 2023/24. Nas maçãs precoces, com 1,6% da produção estimada, é previsto aumento de 4,3% em relação à safra anterior.
Bovinos
Em Santa Catarina, o preço médio estadual do boi gordo atingiu R$ 322,28 em meados de dezembro, alta de 6% em relação ao mês anterior e de 28,9% na comparação com dezembro de 2023. Depois de três meses de altas expressivas nos preços do boi gordo, nas primeiras semanas de dezembro observou-se uma desaceleração desse movimento, inclusive com pequenas variações negativas em alguns importantes estados produtores. “Contudo, o cenário predominante ainda é de alta, mas com perspectiva de que nos próximos meses se atinja uma relativa estabilidade”, afirma analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Alexandre Giehl.
De acordo com os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), de janeiro a novembro deste ano foram produzidos e abatidos no estado cerca de 611 mil cabeças, alta de 10,4% em relação aos abates do mesmo período de 2023.
Frangos
Santa Catarina exportou 105,3 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em novembro – queda de 0,2% em relação aos embarques do mês anterior, mas alta de 15,2% na comparação com os de novembro de 2023. As receitas foram de US$ 212,3 milhões – queda de 0,2% em relação às do mês anterior, mas crescimento de 23,0% na comparação com as de novembro de 2023.
De janeiro a novembro, Santa Catarina exportou 1,07 milhão de toneladas, com receitas de US$ 2,09 bilhões – altas de 7,4% e de 0,4% em receitas, respectivamente, quando comparado com os valores acumulados no mesmo período de 2023.
A maioria dos principais destinos apresentou variação positiva na comparação entre o acumulado deste ano e o mesmo período de 2023, com destaque para o Japão (crescimento de 36,6% em quantidade e 16,1% em valor), que atualmente responde por 12,5% das exportações catarinenses deste produto.
Suínos
Santa Catarina exportou 62,5 mil toneladas de carne suína em novembro, queda de 8% em relação ao montante do mês anterior, mas alta de 10,1% na comparação com os embarques de novembro de 2023. As receitas foram de US$ 155,5 milhões, queda de 8,2% na comparação com as do mês anterior, mas alta de 22,3% em relação às de novembro de 2023. “As variações negativas observadas em novembro são, em grande medida, explicadas pelo fato de que em outubro registrou-se o segundo melhor resultado mensal da série histórica. Além disso, vale destacar que os valores do mês passado representam o terceiro melhor resultado da série em termos de receitas e o quarto em termos de volume”, explica Alexandre.
De janeiro a novembro, o estado exportou 657,8 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 1,54 bilhão – altas de 10,5% e de 7,8%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023. Santa Catarina respondeu por 56,4% das receitas e por 54,8% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Leite
No período de janeiro a setembro de 2024, a quantidade de leite cru adquirida pelas indústrias no Brasil foi 1,6% maior que a do mesmo período de 2023. Nos seis estados de maior produção, houve aumento em MG, PR, SC, estabilidade em GO e queda no RS e SP. SC segue crescendo acima da média brasileira. Acumulando 2023 e 2024, o aumento da quantidade recebida pelas indústrias do estado é de quase 9,5%.
De 2023 para 2024 houve crescimento da participação das importações na oferta total de leite. Até setembro representaram 8,4% e em 2023 representaram 8,1%. Essa participação é a maior dos anos recentes, mas ainda muito abaixo da de anos da década de 1990, quando chegou a superar 15%.
Pelos dados preliminares dos levantamentos da Epagri/Cepa, em dezembro o preço médio aos produtores deve ficar em R$2,56/litro, 19 centavos abaixo do preço médio de novembro. “De qualquer maneira, em Santa Catarina fechará 2024 com produção, preço médio e rentabilidade maiores do 2023”, informa o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes.
Leia aqui a íntegra do Boletim no Observatório.
Mais informações e entrevistas:
– Haroldo Tavares Elias, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, fone: (48) 3665-5074
– João Alves, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, fone: (48) 3665-5075
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Isabela Schwengber, assessora de Comunicação da Epagri, fones (48) 3665-5407/99161-6596