Felipe Matarazzo Suplicy, pesquisador do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap), proferiu palestra na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no dia 15 de julho. Ele falou durante um evento paralelo ao Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF) 2024. O HLPF é a principal plataforma da ONU para o desenvolvimento sustentável e desempenha papel central no acompanhamento e análise da implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Suplicy participou do evento denominado Um Sistema Alimentar Integrando Sistemas Alimentares Terrestres e Aquáticos, organizado pela rede de ação global sobre alimentos sustentáveis provenientes dos oceanos e das águas interiores para a segurança alimentar e nutricional. Ele apresentou os principais pontos de seu artigo, publicado em 2020, sobre os múltiplos benefícios do cultivo de mexilhão, e sua contribuição para combater a fome mundial, atrelada a diversos benefícios ecossistêmicos, sociais e econômicos.
“Estamos ficando sem tempo para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 2, sobre acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável”, pondera o pesquisador da Epagri. Ele ressalta ainda que também resta pouco tempo para cumprir o ODS 14, que trata da conservação e utilização de forma sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Traduzir ciência em política
Segundo Suplicy, os alimentos aquáticos são frequentemente negligenciados nas políticas alimentares e nutricionais, apesar de sua importância para os sistemas alimentares sustentáveis e para a segurança alimentar. “Para criar sistemas alimentares sustentáveis, os recursos alimentares aquáticos e terrestres devem ser considerados e integrados”, pontua. “Para alcançar todos os 17 ODS, é crucial melhorarmos o nosso pensamento sistemático, traduzirmos eficientemente a ciência em políticas e promovermos e apresentarmos boas práticas”, avalia.
O encontro reuniu um grupo diversificado de painelistas, incluindo vozes jovens e locais, juntamente com decisores políticos de alto nível, cientistas e agências-chave da ONU, para explorar possíveis soluções e discutir como ampliá-las. “Desde o nível macro, associado às commodities, até o nível micro, incorporado nas comunidades locais, o evento ofereceu diversas perspectivas e fez a ponte entre ciência e política”, relata Suplicy.
Para o pesquisador, o evento paralelo mostra a importância dos esforços coordenados e das abordagens circulares para alcançar sistemas alimentares sustentáveis, e como a aquicultura pode ser fundamental para unir os recursos aquáticos e terrestres e aumentar a resiliência aos desafios globais e locais nos sistemas de alimentação humana e animal.
Sobre o pesquisador
Suplicy é graduado em ciências biológicas, com mestrado e PhD em aquicultura. Atua desde 2003 como consultor da FAO/ONU em assuntos relacionados a este tema. Supervisionou dezenas de convênios federais de fomento à maricultura em todos os estados costeiros e coordenou diversos projetos nacionais e internacionais de maricultura com orçamentos superior a US$5 milhões. Criou e atuou como primeiro coordenador do Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves (PNCMB).