Pesquisa da Epagri identifica as áreas rurais prioritárias para regularização ambiental em SC

Pesquisadores da Epagri/Ciram desenvolveram um sistema para calcular as condições ambientais do uso e cobertura do solo na área rural de Santa Catarina e desta forma estimar as áreas prioritárias para regularização ambiental. A pesquisa identificou que 633,2 mil hectares de áreas de preservação permanente (APP) no estado precisam se adequar ao Plano de Regularização Ambiental (PRA).

Exemplo de APP a ser recuperada, visto que as margens do rio e algumas encostas íngremes são utilizadas como pastagem (Foto: Luiz Vianna / Epagri)

Essa estimativa foi realizada pelo Sistema de Mapeamento da Fragilidade Ambiental de Santa Catarina (SMFA-SC), desenvolvido pelos pesquisadores Luiz Vianna e Fábio Zambonim. “Como resultado temos uma estimativa de área a ser recuperada e um sistema que permite planejar a recuperação através da priorização de áreas em função da fragilidade ambiental, dados fundamentais para que se desenvolvam políticas públicas nessa área ”, explica Vianna.

O pesquisador salienta que quanto mais próximo dos recursos hídricos, quanto maior a declividade e quanto maior o índice topográfico (topos de morro), maior é a fragilidade ambiental potencial. “Quanto maior a fragilidade ambiental potencial, mais importante que a cobertura do solo natural esteja preservada”, diz ele.

Exemplo de uma área plana, de baixa fragilidade potencial, mas com alta fragilidade ambiental em função do uso e da cobertura do solo (Foto: Luiz Vianna / Epagri)

Áreas prioritárias para recuperação

O Sistema identificou também que Santa Catarina possui 596.978 hectares de áreas com fragilidade alta e muito alta em APP. “Essas são as áreas que devem ser priorizadas para o Plano de Regularização Ambiental, pois se caracterizam por apresentar conflitos de uso em locais com características de paisagem inadequadas à atividade agrícola, como alta declividade, topos de morro e beiras de rios”, esclarece Vianna.

O pesquisador revela que, a partir das áreas, é possível alimentar modelos que estimem, por exemplo, a quantidade de mudas necessárias para recuperação ou a quantidade de carbono que poderá ser estocada a partir da recuperação. “Esse sistema também permite mapear a fragilidade das áreas para vários objetivos, a exemplo de enchentes, deslizamento de terras e perda da biodiversidade”.

Exemplo de uma área declivosa, de alta fragilidade potencial, mas com baixa fragilidade ambiental em função do uso e da cobertura do solo (Foto: Luiz Vianna / Epagri)

O acesso a esse sistema é feito pela internet e está disponível sem nenhum custo à população. Lá o usuário pode calcular o índice de fragilidade ambiental nas áreas de interesse em SC e para as áreas prioritárias definidas a partir da altitude, da proximidade com a hidrografia e da declividade. Para auxiliar na pesquisa, a plataforma disponibiliza um manual de uso.

Plano de Regularização Ambiental

O Plano de Regularização Ambiental está previsto no novo Código Florestal Brasileiro e tem como objetivo regularizar as áreas rurais em situação de irregularidade ambiental, especialmente em relação ao uso agropecuário em áreas de preservação permanente e reserva legal. O PRA permite que os proprietários rurais regularizem suas propriedades por meio da adesão a compromissos que visam à recomposição e à regeneração florestal das áreas com passivos ambientais.

“No contexto da agricultura familiar, o PRA prevê como estratégia de regularização a adoção de Sistemas Agroflorestais de Produção (SAFs), considerado como um dos mais importantes sistemas de produção agropecuária de baixo carbono”, argumenta Vianna. Esses sistemas são preconizados pela Epagri e levados aos agricultores por meio do trabalho de extensão rural. 

Mais informações e entrevistas: 

Luiz Vianna, pesquisador da Epagri/Ciram

Fone: (48) 3665- 5161 / vianna@epagri.sc.gov.br

Informações para a imprensa
Isabela Schwengber
Assessora de comunicação da Epagri
(48) 3665-5407/99167-3902