A poda e a condução são alguns dos principais manejos da macieira. As práticas buscam proporcionar equilíbrio entre as partes vegetativa e frutífera da planta, formando órgãos frutíferos como esporões, lamburdas e brindilas ao longo dos ramos, resultando num formato de planta que favoreça a penetração da luz no dossel vegetativo e nos tratos culturais. Em resumo, é uma forma de ajudar a natureza a produzir mais e melhor.
Com base na importância do tema, o escritório municipal da Epagri em São Joaquim promoveu, em junho, reuniões técnicas que alcançaram mais de 100 fruticultores e jovens rurais nas comunidades de Chapada Bonita, Costa Antonina e São Sebastião da Várzea.
Marcelo Cruz de Liz, extensionista rural da Epagri em São Joaquim, ministrou os cursos, que abordaram teoria e prática de manejo da poda e condução em baixa e alta densidades, os sistemas de condução, e os novos porta-enxertos da série Geneva, de origem da Universidade de Cornell, nos EUA.
Durante as reuniões, Marcelo destacou o potencial que os os manejos de poda e condução da macieira apresentam para a região de São Joaquim, resultando em práticas mais eficientes e facilitando os tratos culturais, com alta produtividade e qualidade dos frutos. Uma das dificuldades é o alto custo de implantação e a necessidade de conhecimento e tecnologia. “Entretanto, desde que bem implantados, oferecem retorno técnico e econômico, como foi observado nos eventos”, descreve o extensionista.
“A poda e a condução são fundamentais para equilibrar o vigor dos ramos e a formação de estruturas frutíferas, proporcionando maior entrada e interceptação da luz solar, e a renovação sistemática de ramos, promovendo o equilíbrio entre a parte vegetativa e frutífera, finaliza o engenheiro-agrônomo.
Saiba mais sobre poda e condução e sua importância para o ciclo produtivo da macieira:
Poda de formação
É muito importante para determinar a estrutura da planta, seja ela em líder central, mais comum na região, ou nos novos sistemas de condução. Nos dois casos, é necessária a formação de um líder central e ramos principais ao longo do tronco. “Por isto a importância de ter uma muda de qualidade, com os padrões exigidos pela legislação, viveiro registrado no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), com responsável técnico, nota fiscal, material propagativo como porta-enxerto e cultivar de qualidade, como mostrado nas reuniões”, alega o extensionista.
Poda de frutificação
Realizada após o terceiro ano da planta, visa uma renovação sistemática de ramos frutíferos, retirando-se ramos que estejam competindo com o líder. Devem ser retirados ramos que apresentem diâmetro maior do que 1/3 em relação ao líder central, bem como os ramos carregadores ou laterais que estejam muito vigorosos em relação aos principais.
Também devem ser retirados os ramos mal colocados, danificados ou doentes e que estejam sombreando a planta, principalmente os ramos na parte alta e mediana da macieira, que ocasionam falta de luz interna na planta toda. A falta de luz influencia a fotossíntese, que é dependente da superfície foliar. “Com menos luz, há menor formação de fotoassimilados, o que pode interferir diretamente na formação de órgão frutíferos, gerando vigor excessivo, que resulta no desequilíbrio da parte vegetativa com a produtiva”, explica Marcelo. A falta de luz influencia ainda todo o processo de indução e diferenciação floral, que ocorre durante o período de primavera e verão.
Poda verde
Prática importante principalmente em pomares em alta densidade e novos sistemas de condução. É realizada no verão, para controle do crescimento vegetativo, com efeito inibidor sobre este, diminuindo a relação entre folhas e frutos. Favorece o suprimento de cálcio nos frutos, melhora a coloração das frutas, além de ser importante no processo de formação de gemas floríferas no oferecimento de maior luminosidade no interior das plantas.
Poda de renovação
É uma poda realizada em plantas mais velhas, que necessitam de renovação da parte vegetativa/produtiva, com objetivo de formar novas estruturas produtivas e maior entrada de luz na parte interna das plantas.
Condução
A condução é fundamental no período de formação das plantas, de forma a promover o arqueamento dos ramos laterais num ângulo de 90° a 120° em relação aos ramos líder ou principal. Marcelo lembra que a recomendação é de que, quanto menor a distância entre plantas, mais intensa deve ser a inclinação do ramo, o que reduz seu vigor e favorece a formação de gemas floríferas e equilíbrio no crescimento das plantas.
A condução em sistema de líder central adapta-se tanto para alta como baixa densidade de plantio, apresentando derivações, como: tall spindle, bi dimensional, bi-axel, muro frutal, multi líder e V-trellis.
Os participantes das reuniões conheceram os novos sistemas de condução da macieira. Eles visam obter frutas de melhor qualidade, com maior exposição à iluminação solar, melhor formação de gemas floríferas, maior eficiência no manejo de plantas, maior precocidade, produtividade e facilidade nos tratos culturais. “Buscam facilitar ainda a mecanização, como poda e colheita, evidente que cada sistema com suas particularidades de formação e manejo de plantas”, esclarece o extensionista.
No sistema bi-dimensional as plantas são dispostas sobre um sistema sustentado com palanques e arames, por onde ramos são conduzidos. Os arames devem ser colocados a cada 0,5m de distância, com sete a nove arames por fileira, formando uma prateleira de ramos e frutos, de tal forma que temos comprimento e altura das plantas.
No sistema tall spindle, que é uma variação do líder central, a macieira é conduzida em formato de líder central, formando um planta mais estreita e compacta, com macieiras de até 3,5m de altura e condução de ramos em ângulos de 90° a 120°. Ramos vigorosos são retirados e substituídos ao longo das safras.
No sistema bi-axel (dois eixos), as plantas são conduzidas de tal forma que formem dois eixos, resultando numa bifurcação com ângulo em torno de 40°. Estes dois ramos principais estarão conduzidos no arame ao longo da fileira na diagonal.
No sistema multi líder, as plantas são conduzidas com um ou dois braços, a uma altura de 0,7m do solo, de onde saem os ramos que serão conduzidos como líderes no arame, compreendendo o comprimento e a altura.
No muro frutal as plantas são conduzidas num sistema de palanques e arames, numa forma trapezoidal. A parte baixa da planta terá uma base de aproximadamente 0,80m e a parte de cima 0,40m, com ramos curtos. Neste sistema, teremos o comprimento versus altura e largura, porém, com boa incidência de luminosidade e produtivo.
No sistema V-Trellis, temos as plantas dispostas sobre um aramado num ângulo de 40°, aproximadamente, e conduzidas no arame de tal forma que fiquem bem expostas à luz, com comprimento e altura, obtendo frutas de qualidade e alta produtividade. O inconveniente deste sistema é o custo muito alto para implantação.
Porta-enxerto
Os participantes dos cursos também conheceram uma unidade demonstrativa com os novos porta-enxertos da série Geneva, da Universidade de Cornell: CG 210, CG 814, CG 202 e CG 213.
Estes porta-enxertos apresentam algumas características interessantes, como: resistente ao pulgão lanígero, podridão do colo, fogo bacteriano e doenças de replantio. Também apresentam menor formação de burrnots, são precoces, produtivos e oferecem frutos de alta qualidade.
Frutificação
A frutificação é uma das maneiras para controlar o crescimento dos ramos e o tamanho das plantas, com a realização de práticas agrícolas, como:
- Poda de frutificação
- Anelamento das plantas
- Incisão anelar nas gemas vegetativas
- Evitar poda de inverno vigorosa
- Práticas de manejo da copa
- Poda de raízes
- Uso adequado de nutrientes, principalmente nitrogênio
- Realizar poda verde
- Arqueamento dos ramos
- Uso de produtos químicos para controle do vigor
- Uso de porta enxertos anões ou semi-vigorosos
- Desfolhas das plantas
Mais informações
Marcelo Cruz de Liz, extensionista rural da Epagri em São Joaquim: marceloliz@epagri.sc.gov.br
Informações para a imprensa: Isabela Schwengber, jornalista, pelos fones: (48) 3665-5407 / 99167-3902