Uma intensa massa de ar frio de origem polar avança pela Argentina, Uruguai e Brasil, provocando declínio acentuado de temperatura, com indicativo da primeira onda de frio na próxima semana, entre 16 e 20 de maio. “Em regiões mais altas do Estado, com Urupema e Bom Jardim da Serra, as temperaturas podem chegar a -7ºC, -8 ºC”, adianta Gilsânia Cruz, meteorologista da Epagri/Ciram.
Segunda ela, ainda é cedo para afirmar a ocorrência de neve no Estado. “O indicativo é de que ela ocorra entre terça e quarta, no Planalto Sul catarinense, mas ainda é cedo para confirmar”. Gilsânia explica que para a ocorrência de neve é preciso a combinação de frio e umidade. “Frio não vai faltar”, destaca a meteorologista.
Já umidade estará associada a um ciclone extratropical posicionado próximo à costa do Rio Grande do Sul. Gilsânia explica que será preciso confirma se realmente esse ciclone vai se posicionar de acordo com a previsões. “Caso ele fique um pouco mais afastado, vai faltar umidade, que é um dos ingredientes principais para a ocorrência da neve”, esclarece.
Há ainda a condição de geada ampla em Santa Catarina. Se a neve acontecer, a geada chega em 19 de maio.
Recomendações
As baixas temperaturas afetam atividades agrícolas e pecuárias, podendo ocasionar implicações distintas, como transtornos e perdas para cultivos e criações sensíveis. Por outro lado, o frio é favorável aos cultivos de inverno e deve auxiliar no controle de pragas. Entre os efeitos fatores favoráveis estão o início do acúmulo de horas de frio, que é fundamental para o período de dormência de fruteiras como a maçã, pêssego, ameixa, nectarina e uva. Também é importante regulador de populações de insetos pragas e plantas “guaxas” de milho e soja.
Já os potenciais prejuízos podem ser minimizados com algumas práticas de enfrentamento. O Departamento Estadual de Extensão Rural e Pesqueira da Epagri (DERP) listou as medidas que podem ser tomadas pelos agricultores e pecuaristas para minimizar os efeitos da massa de ar frio.
Gado de corte
A principal preocupação é com o crestamento das pastagens recém-semeadas ou com brotações novas. Crestamento é a queima da parte vegetativa em decorrência de geadas muito fortes. A recomendação é usar o máximo da pastagem para alimentar o gado ainda antes do frio intenso, principalmente nos casos onde se cultiva aveias, que são mais sensíveis a frios intensos.
Gado de leite
Vacas que estão em condição de parir e crias novas devem ser abrigadas em locais secos e sem vento. Para animais adultos, a recomendação é leva-los para locais com árvores, tanto nativas como sistemas silvipastoris, que vão funcionar como quebra-vento. Na alimentação, em caso de danos nas pastagens cultivadas, especialmente aveia, recomenda-se a utilização de outras fontes de alimento, como silagem e feno.
Apicultura
O frio intenso nos apiários pode provocar o resfriamento do ninho e até mortalidade de larvas. Os apicultores devem evitar abrir as caixas, pois há perda de calor e muito gasto de energia e alimento para elevar a temperatura às condições adequadas novamente. Não fazer pulverização de ácido oxálico para controle de varroa, pois pode ocorrer o congelamento dentro do ninho. Iniciar a preparação para fornecer alimento proteico, o bife proteico deve ser colocado próximo às crias. Se necessário, fornecer alimento energético. A prática da instalação do “alvado invertido” pode auxiliar, ou emergencialmente, utilizar a ripa na parte central do alvado. Recomenda-se utilização de poncho ou entretampa horizontal de ráfia. Também podem ser utilizados poncho ou entretampa vertical. Para detalhes destas práticas, acessar o site da Epagri Apis On-line.
Piscicultura
Água com temperaturas abaixo de 13°C, por mais de três dias, pode afetar peixes como as tilápias, causando estresses, enfermidades e até mortalidade. Assim, as recomendações são: não renovar água dos viveiros quando a temperatura da água de abastecimento, externa, for inferior à temperatura ambiente de cultivo; não manejar os animais (biometria, povoamento, transferência), evitando possíveis estresses; suspender alimentação e fertilização durante período de frio.
Ameixa, pêssego, nectarina, uva e maçã
O início do período de frio é fundamental para as fruteiras de clima temperado. Neste momento, as baixas temperaturas devem favorecer a entrada no período de dormência, com a queda de folhas no momento adequado. Desta forma, os agricultores já devem planejar eventuais manejos de inverno, visando favorecer a brotação adequada.
Maracujá
A possibilidade de ocorrência de geadas em pomares de maracujá em maio pode ocasionar danos em folhas e frutos, antecipando o final da safra. Dessa forma indica-se efetuar a colheita de frutos no ponto de maturação adequada, procurando se antecipar à chegada do frio. Neste ano, a resolução n° 04, de 14 de abril de 2022, que dispõe sobre o período do vazio sanitário do Maracujazeiro-azedo, define as datas do vazio sanitário em diferentes regiões de Santa Catarina. Desta forma, é fundamental respeitar o período de acordo com a localização do município, conforme a resolução estabelece.
Banana
Os pomares de banana são os mais sensíveis diante a possibilidade de ocorrência de geadas. Os danos podem atingir as folhas, frutas e se o evento for muito intenso, até os pseudocaules. As práticas indicadas são a suspensão do transplantio das mudas até que o frio passe, antecipação da colheita dos cachos e ensacamento daqueles não colhidos. Também devem ser ensacadas as inflorescências recém-emitidas. Após a geada, é importante estar atento à eliminação das folhas secas.
Citros
Nos pomares jovens, com até dois anos, recomenda-se a proteção do tronco contra o frio, usando barreiras físicas como papelão, plástico, capim ou palha, ou ainda, pode-se avaliar a proteção da planta por inteiro.
Cereais de inverno
Neste momento, os cultivos de cereais de inverno em Santa Catarina, como trigo, aveia grão, centeio e cevada, encontram-se em fase de semeadura ou em desenvolvimento inicial. Os cereais de inverno na fase vegetativa inicial têm baixo risco de dano ocasionado pelo frio, sendo que a baixa temperatura pode auxiliar no perfilhamento das plantas. Nas sementes, o dano que pode ocorrer é o atraso na germinação, em função das baixas temperaturas.
Milho e soja
Neste momento, a preocupação maior está com a segunda safra de milho, onde as lavouras estão na fase de floração e grão leitoso. Ocorrência de frio intenso pode causar danos e prejudicar a produtividade dessas lavouras.
No caso da primeira safra de milho e soja, a colheita está praticamente encerrada, restando poucas áreas a serem colhidas. A exceção fica para a região de Lages, onde esses cultivos são mais tardios.
Hortaliças
Para as hortaliças folhosas, como alface, rúcula e outras, recomenda-se manter aspersores ligados no dia em que a geada ocorre, iniciando na madrugada até o nascer do sol. Essa prática forma uma camada de vapor que protege as plantas do congelamento. As brássicas que estiverem em floração devem ter as folhas amarradas no topo, de modo a proteger os brotos.
Mudas de qualquer espécie de hortaliças devem ser abrigadas nos viveiros. É importante manter a área do viveiro mais úmida, evitando a inversão térmica. Já para proteger manivas de mandioca e aipim, a recomendação é levar para ambiente coberto e usar palhas, telas ou outro material que possa proteger as gemas nas manivas.
Maquinário
Prejuízos em máquinas e equipamentos com o frio extremo merecem a atenção dos agricultores. Sistemas que levam água, como as bombas de irrigação, os pulverizadores e os turbo atomizadores, são sensíveis ao congelamento da água e podem sofrer danos. Tratores, caminhões, colheitadeiras, entre outros maquinários, também devem ficar protegidos em galpões e com líquido anticongelante nos radiadores.
Estruturas físicas
Tetos de residências e galpões, além de coberturas de pomares (telas antigranizo) podem ceder diante do acúmulo de neve. No caso das telas, recomenda-se que sejam retiradas ou fechadas para evitar acúmulo. Para galpões e residências, o uso do sal agrícola vai ajudar a derreter a neve acumulada, evitando maiores prejuízos.
Procure o extensionistas da Epagri
No caso de dúvidas, a recomendação é sempre procurar o extensionista da Epagri em seu município. Ele vai poder esclarecer e orientar com mais precisão. Para ver os contatos dos escritórios da Epagri, clique aqui.
Informações e entrevistas
Darlan Rodrigo Marchesi, gerente do Departamento de Extensão Rural e Pesqueira da Epagri
(48) 3665 5300 / darlan@epagri.sc.gov.br / derp@epagri.sc.gov.br
Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista
(48) 3665-5147 / 99989-2992
Confira no vídeo a previsão do tempo para a semana que vem, com a meteorologista Gilsânia Cruz: