Boletim Agropecuário de abril traz queda na safra de maçã e preços firmes dos grãos
  • Post publicado:26 de abril de 2022
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O Boletim Agropecuário de abril destaca queda de 4,5% na safra da maçã, mas aumento nas exportações da fruta. Os preços dos grãos seguem firmes de modo geral, com influência do cenário de estiagem, que vem diminuindo a oferta no mercado. Em relação às proteínas, a preocupação é com a queda dos preços pagos aos produtores de suínos, o que agrava o cenário para os independentes. O preço do leite aponta tendência de recuperação.

O Boletim Agropecuário é um documento emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com a análise econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.

Apesar da queda na safra, SC aumentou as exportações de maçã (Foto: Aires Mariga / Epagri)

Maçã

A Epagri/Cepa estima que a safra 2021/22 de maçã em Santa Catarina seja 4,5% menor que o ciclo agrícola anterior, com redução de 5,07% na produtividade média. A queda reflete a estiagem, que baixou em 13,55% as estimativas iniciais de colheita dos analistas.

A boa notícia para a maçã catarinense vem das exportações. No primeiro trimestre de 2022 Santa Catarina aumentou 56,5% no volume e 80% nos valores negociados, em relação ao mesmo período do ano anterior. Bangladesh representou 52,3% da quantidade exportada da fruta, seguido da Índia, que volta a comprar do estado, com participação de 40,2% no primeiro trimestre de 2022, substituindo as exportações russas de maçã.

Nas regiões produtoras do Estado houve valorização nos preços ao produtor entre janeiro e março, com diminuição na oferta da fruta devido à menor produção, resultante dos efeitos negativos da estiagem nos pomares de região.

Arroz

A estimativa atual da Epagri/Cepa para a safra do arroz aponta para uma produção de 1,22 milhão de toneladas, com produtividade de 8,3 toneladas por hectare. A área plantada se mantém estável, em torno de 148 mil hectares. Até o momento, cerca de 97% da área semeada foi colhida.

Os preços do arroz seguiram firmes em março de 2022 e dão sinais de estabilidade na primeira quinzena de abril. Entre as causas, encontra-se a quebra da safra gaúcha, prejudicada pela estiagem, e o aumento das exportações nos primeiros meses do ano. No que se refere às exportações, o estado tem aumentado a diversidade de produtos no contexto do arroz.

Feijão

O preço médio recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca no mês de março foi 8,90% superior ao do mês anterior. Já para o feijão-preto, os preços tiveram variação positiva de 3,57% no último mês. Contudo, na primeira semana de abril, o mercado apresentou tendência de baixa de preços. Um dos fatores que justificam é a maior oferta do produto no mercado entre junho e julho, em função da colheita da segunda safra, que se intensifica a partir de maio.

Em Santa Catarina, até a última semana de março, cerca de 87,14% da área destinada ao plantio da safra 2021/2022 de feijão primeira safra já havia sido colhida. Para a segunda safra de feijão catarinense, cerca de 40,8% da área destinada ao plantio já havia alcançado a fase de floração. Neste momento, as condições das lavouras são muito boas, com clima favorável ao seu desenvolvimento. O que preocupa são as previsões de queda de temperatura, com possibilidades de ocorrência de geadas.

Milho

Na primeira quinzena de março, foram registradas cotações de R$100,00/sc, impulsionadas por fatores internacionais, sobretudo pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Com isto, os preços internacionais se elevaram próximo de 7,7 US$/Bushel (Chicago – CBOT). Por outro lado, os preços internos estão mostrando divergência em relação aos internacionais. Houve uma forte queda nas cotações do milho na Bolsa Ibovespa B3, recuando de R$103,00/sc em 20 de março, para R$81,00 em 11 de abril.

Em Santa Catarina, o comportamento dos preços foi semelhante. Entre 11 de março e o mesmo dia de abril, verificou-se uma retração de 18%. Os fatores que explicam esta orientação dos preços são as expectativas positivas da produção da segunda safra de milho no Brasil, prevista em cerca de 30% superior à safra anterior (Conab, abril 2022). Outro aspecto é a desvalorização do dólar frente ao real no início de 2022, fator que não estimula as exportações.

Soja

Segundo estimativa de março da Epagri/Cepa, Santa Catarina deve produzir 2,01 milhões de toneladas de soja na safra 2021/22, o que representa um recuo significativo de 21% em relação à expectativa inicial. O prognóstico inicial da produção de soja no estado para a safra 2021/22 foi de 2,55 milhões de toneladas, realizado em agosto. A expectativa foi crescente até novembro, em função das condições climáticas, até então favoráveis. A estiagem em dezembro e janeiro, no entanto, impactou nas estimativas mensais da produção.

Os preços da soja no estado apresentaram, na média de março, valor de R$195,28/sc, o que representa alta de 4,15% em relação a fevereiro. A forte estiagem no Sul do Brasil e na Argentina levou à redução das estimativas de produção na América Latina, fator que impactou nas cotações da oleaginosa.

Trigo

As cotações de trigo no mercado catarinense tiveram em março uma variação mensal positiva de 9,10%. Os preços cobrados em março deste ano estão 25,47% acima daqueles registrados em março de 2021. Apesar de os preços do cereal seguirem firmes, o mercado registrou poucos negócios. A valorização do cereal no mercado internacional, devido à invasão russa na Ucrânia, também atuou como fator altista.

Com a aproximação do período recomendado para plantio do cereal, produtores e técnicos estão atentos às condições climáticas. Para a Região Sul, a previsão do balanço hídrico indica que a partir de abril até junho, deverão ocorrer chuvas acima da média, elevando o volume de armazenamento de água no solo, chegando a mais de 90% em praticamente toda a região.

Alho

A safra catarinense de alho se encontra em fase de comercialização desde o final de dezembro, com perspectivas de se estender até maio e junho. A estimativa é de que o volume comercializado já tenha atingido aproximadamente 70% da produção.

Com relação ao preço ao produtor, de acordo com o sistema de acompanhamento da Epagri/Cepa, na praça de referência de Joaçaba, no mês de março, os produtores receberam R$5,00/kg para as classes 2 e 3 e R$8,70/kg para as classes 4 e 5.

Cebola

A comercialização da safra catarinense de cebola 2021/22 segue em ritmo normal e deve se estender até maio, como ocorre tradicionalmente. Em março, o estado foi o principal fornecedor da hortaliça no mercado nacional. A conjuntura de mercado manteve-se favorável aos produtores catarinenses em função da boa qualidade do produto obtido, assim como em função de uma oferta bastante equilibrada com a demanda de mercado. Os levantamentos da Epagri/Cepa mostram que o preço médio pago ao produtor catarinense durante esse mês foi de R$2,12/kg, tendo como referência a praça de Rio do Sul.

Bovinos

Nas primeiras semanas de abril, os preços médios do boi gordo em Santa Catarina apresentaram alta de 2,4%. No restante do país observa-se predominância de quedas, decorrentes do aumento na baixa de animais prontos para o abate e mercado interno desaquecido. Na comparação com abril de 2021, registra-se alta de 10,9% na média estadual.

Por outro lado, as exportações brasileiras seguem em alta e devem evitar a ocorrência de quedas muito expressivas nos próximos meses.

Frango

Santa Catarina exportou 88,84 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em março, altas de 18,2% em relação ao mês anterior e de 5% na comparação com março de 2021. As receitas foram de US$172,46 milhões, crescimento de 21,5% em relação ao mês anterior e de 24,3% na comparação com março de 2021.

No primeiro trimestre, Santa Catarina exportou um total de 247,06 mil toneladas, com receitas de US$471,94 milhões, altas de 9,3% e 28,2%, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 23,6% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos três primeiros meses do ano.

Suínos

Nas primeiras semanas de abril as cotações do suíno vivo voltaram a registrar quedas em todos os principais estados produtores, depois de um breve período de recuperação entre o final de fevereiro e parte de março. Em Santa Catarina, os preços caíram 1,5% até a semana anterior à Páscoa. Essas quedas recentes agravam ainda mais o cenário de dificuldades enfrentado por grande parte dos produtores, em especial os independentes.

Santa Catarina exportou 51,89 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em março, alta de 34,4% em relação ao mês anterior, mas queda de 6,8% na comparação com março de 2021. As receitas foram de US$109,57 milhões, alta de 33,6% em relação ao mês anterior e queda 20,8% na comparação com março de 2021.

Durante o 1º trimestre, o estado exportou 135,09 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$289,63 milhões, alta de 6,7% em quantidade, mas queda de 5,3% em valor, em relação ao mesmo período de 2021. Santa Catarina respondeu por 58,9% das receitas e 58,0% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

Leite

Nos últimos dias de março e primeiros dias de abril os preços dos derivados lácteos aumentaram significativamente no mercado atacadista. Isto repercutiu sobre os preços recebidos pelos produtores. Os levantamentos da Epagri/Cepa ainda não estão finalizados, mas se estima que o preço médio de abril será 23 centavos superior ao preço médio de março.

As importações de lácteos seguiram em patamares relativamente baixos em março. Com a elevação dos preços internos dos lácteos e a redução da taxa de câmbio, não é improvável que atinjam patamares superiores aos atuais nos próximos meses.

Leia AQUI a íntegra do Boletim Agropecuário de abril.

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Gisele Dias, jornalista
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