O primeiro final de semana de março registrou recordes de temperatura máxima para o mês em Santa Catarina, chegando perto dos 40 ºC no Sul do estado, de acordo com a Epagri/Ciram. O calor é mais intenso nas áreas urbanizadas, provocando o que chamamos de ilhas de calor. Esse dado é comprovado por satélites, que ficam a uma distância de 700 km de altitude e a uma velocidade média de 25 mil km/h, como o Landsat-8. Esses equipamentos auxiliam nos estudos de medidas de temperatura da superfície do solo e as informações levantadas podem ser usadas para planejamento das cidades em busca de conforto térmico para a população.
Segundo o pesquisador Kleber Trabaquini, que atua na área de sensoriamento remoto na Epagri/Ciram, esses dados auxiliam no diagnóstico ambiental de como a urbanização e antropização têm modificado o ambiente e consequentemente as temperaturas onde habitamos. “O planejamento de como podemos amenizar esses efeitos podem ser analisados através das imagens, como encontrar os bairros onde mais são afetados pelas altas temperaturas. Às vezes, informações que passam despercebidas aos nossos olhos, quando vistas de cima nos trazem muitas respostas” , diz ele.
Kleber explica que estruturas como edifícios, estradas e outras infraestruturas absorvem e reemitem o calor do sol mais do que paisagens naturais como florestas e corpos d’água. “As áreas urbanas, onde essas estruturas são altamente concentradas e a vegetação é limitada, tornam-se ‘ilhas’ de temperaturas mais elevadas em relação às áreas periféricas”, diz. O pesquisador explica que normalmente as áreas mais povoadas estão relacionadas às áreas mais quentes e com as maiores diferenças de temperatura entre as superfícies antropizadas (cidades) e as naturais.
Temperatura nas áreas mais urbanizadas de SC
Em Santa Catarina, as cidades de Joinville, Itajaí e Florianópolis apresentam as áreas mais alteradas pela urbanização e consequentemente uma temperatura mais elevada na área urbana. De acordo com Kleber, Joinville pode atingir até 3°C acima do seu entorno em meses de verão, seguido de Itajaí com 2,8°C e Florianópolis com 1,6°C. “Como Florianópolis é uma ilha e fica mais exposta às correntes de vento do oceano do que as outras cidades analisadas, as temperaturas tendem a ser mais amenas principalmente no verão. Já nos meses de inverno esta diferença é reduzida”, diz.
Medidas para diminuir o calor
Estratégias como o aumento da cobertura vegetal e arbórea, com plantio de árvores e criação de novos parques urbanos são alguns exemplos dados por Kleber para diminuir a temperatura nas cidades. “O plantio de árvores e outras vegetações reduz as temperaturas da superfície e do ar, proporcionando sombra e resfriamento através da evapotranspiração. Árvores e vegetação que sombreiam diretamente suas casas podem diminuir a necessidade de ar-condicionado, tornando sua casa mais confortável e reduzindo sua conta de energia”, ressalta.
Ele reforça que as árvores também melhoram a qualidade do ar, fornecendo sombra refrescante para atividades ao ar livre e reduzindo a exposição à radiação UV prejudicial. “Outras estratégias que podem auxiliar também é a instalação de telhados verdes, telhados frios e principalmente refletivos, que ajudam a refletir a luz do sol e o calor para longe da casa, reduzindo a temperatura do telhado. Isso permite que a habitação fique mais fresca, reduzindo a quantidade de ar-condicionado necessária durante os dias quentes”.
Informações e entrevistas
Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram
(48) 3665-5121 / 99868-7600
Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista
(48) 3665-5147 / 99989-2992