Em visita técnica à Argentina, os pesquisadores da Estação Experimental da Epagri em Caçador, Renato Luís Vieira e Leandro Hahn, conheceram os programas de melhoramento genético de videiras e de hortaliças daquele país. Eles foram recebidos por pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA) em agenda cumprida de 29 de novembro a 4 de dezembro nas províncias de Mendoza e San Juan. A visita proporcionou troca de experiência entre as duas instituições de pesquisa, além de permitir o contato dos brasileiros com empresas e produtores do ramo da horticultura no país vizinho.
Na Estação Experimental do INTA, em Mendoza, foi apresentado aos pesquisadores visitantes o Programa de Melhoramento genético de videiras. Segundo Renato, o programa conta com um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) com mais de 700 acessos de variedades cadastrados, provenientes de várias regiões do mundo, usados como fonte de variabilidade genética no programa de melhoramento da instituição. A unidade conta ainda com um BAG com mais de 40 acessos de variedades crioulas (variedades locais) de videira, também utilizadas para fabricação de vinhos. Além das uvas para vinhos, o INTA também já desenvolveu em seu programa de melhoramento genético diversas variedades de uva de mesa.
Mendoza é considerada uma das principais regiões produtoras de uva da Argentina e a 5ª maior produtora de vinho do mundo. Fica no Centro-Oeste da Argentina, na fronteira com o Chile. As principais produções agrícolas de lá são videira, com 144 mil hectares plantados, frutas, com 84 mil ha (ameixa, pêssego, cerejas, etc), e hortaliças com 35 mil ha. A cidade de Mendoza, capital da província de Mendoza, onde se concentrou a visita técnica, é a maior e mais importante da região.
“Durante a visita tivemos a oportunidade de conhecer uma das mais importantes vinícolas da região, a Alta Vista. Na província de Mendoza e região existem mais de mil vinícolas espalhadas pelo deserto andino, entre gigantes vitivinícolas e pequenos empreendimentos familiares, contrastando tecnologias avançadas no processo de cultivo, fermentação e comercialização do vinho com conhecimentos tradicionais, rudimentares, passados de geração para geração na produção da bebida”, afirma o pesquisador da Epagri.
Outros programas de melhoramento genético do INTA como o de tomate, abóboras e cenoura também foram visitados. Pesquisas em cultivo protegido, irrigação, tecnologia de sementes também constaram no programa da visita. Os pesquisadores brasileiros também conheceram o cinturão verde, localizado na região de Valle de Uco, onde se destacam a produção de folhosas – alface, escarola, almeirão, entre outras, produzidas em sistema de “flutuação”, no qual é utilizado água subterrânea, ou “água surgente”, originada do degelo das montanhas congeladas das Cordilheiras dos Andes.
Em Mendoza Renato e Leandro conheceram a Estación Experimental La Consulta, onde foram apresentados os programas de melhoramento genético do alho e da cebola desenvolvidos na região. “Como o Brasil é grande consumidor do alho e cebola argentinos, tivemos a oportunidade de interagir com os especialistas na troca de experiências a respeito dessas culturas”, diz Leandro.
Também fez parte da expedição a visita a um centro de distribuição (do tipo Ceasa) em Guaymallen, o segundo maior mercado de frutas e hortaliças da Argentina, onde os pesquisadores da Epagri tiveram a oportunidade de interagir com os atacadistas e observar a qualidade dos produtos.
Na província de San Juan, mais ao norte, em uma região extremamente árida, Renato e Leandro conheceram a produção de aspargos, uma cultura ainda pouco cultivada no Brasil, mas com grande potencial de crescimento.
Segundo os pesquisadores da Epagri, a visita proporcionou aprendizado para todos os envolvidos. “Conhecemos muitas técnicas de produção em culturas que são também alvos de pesquisa de nossa Empresa e estabelecemos contatos e interações importantes com pesquisadores do INTA, com possibilidade de futura de parceria técnica entre as duas instituições para intercâmbio de genótipos de alho”, explica Leandro. “Certamente a experiência terá reflexos positivos nas nossas áreas de atuação no Brasil”, avalia o pesquisador.