Neve, chuva congelada, geada ou sincelo? Epagri/Ciram explica as diferenças entre os fenômenos
  • Post publicado:2 de julho de 2021
  • Categoria do post:Mídia

Na semana mais gelada de 2021, Santa Catarina teve neve, chuva congelada, geada e sincelo em diferentes regiões, provocados pela presença de uma intensa massa de ar polar. A variedade do “cardápio” de fenômenos associados ao frio intenso pode causar confusão na hora de classificar os “tipos de gelo”. Por isso, a meteorologista Gilsânia Cruz, da Epagri/Ciram, explica a diferença entre esses e outros fenômenos.

Neve

Neve é a precipitação de cristais de gelo translúcidos e brancos, formados pelo congelamento do vapor d´agua suspenso na atmosfera. “Esses cristais têm uma forma bem característica, em geral de forma hexagonal, e complexamente ramificados”, explica a meteorologista da Epagri.

Cristais de neve têm forma bem característica, geralmente hexagonal (Foto: Divulgação Epagri)

Chuva congelada

A chuva congelada normalmente antecede a precipitação de neve e é semelhante a um granizo pequeno, que cai e salta, fazendo até barulho, às vezes. O formato do “gelinho” que cai é diferente da neve.

Chuva congelada é semelhante a um granizo pequeno, com formato diferente da neve

Chuva congelante

A diferença entre a chuva congelada e a chuva congelante é a forma como a precipitação chega ao solo. “Enquanto a chuva congelada chega, normalmente, em estado sólido, a chuva congelante é a chuva que descongela na atmosfera, mas volta a congelar assim que toca o solo”, diz Gilsânia.

Neve granular

É menor do que a neve tradicional e é formada por “grãos” muito pequenos, com diâmetro geralmente inferior a 1 milímetro. Pelo tamanho, esses grãos normalmente são levados pelo vento e, por isso, dão a impressão de chuva.

Geada branca

A geada branca, que congela a parte superficial das plantas, é observada com frequência em diversas regiões de Santa Catarina durante as estações mais frias. Ela se forma associada a temperatura baixa, ausência de nuvens e baixa umidade do ar. “Quando a temperatura do solo cai acentuadamente no período noturno, aproximando-se de 0°C, as gotas de orvalho congelam, formando o fenômeno”, explica Gilsânia. Nesse caso, a temperatura do ar não precisa chegar a 0°C: abaixo de 4°C já pode ocorrer formação de geada, mas, quanto menor for a temperatura, mais intenso será o fenômeno.

Gotas de orvalho que congelam durante a noite formam a geada

Geada negra

É um tipo de geada muito mais prejudicial para a agricultura, pois congela a parte interna das plantas, queimando a seiva. Ela se forma associada a temperatura baixa, ar seco e vento moderado a forte. Pode ocorrer a qualquer hora do dia.

Sincelo

É um fenômeno associado a dias com nevoeiro, quando a temperatura varia de -2°C a -8°C. Ele resulta do congelamento das gotículas de água ao tocar a superfície, formando cristais de gelo. É mais fino que a geada. “No Brasil, a ocorrência do sincelo é incomum. Ele é mais observado em Santa Catarina, nos municípios de Urubici, Urupema e São Joaquim”, conta a meteorologista da Epagri.

O sincelo se forma em dias com nevoeiro, quando a temperatura varia entre -2°C e -8°C

Granizo

O granizo é um tipo de precipitação, como a chuva e a neve, que cai em forma de gelo.  “O fenômeno se forma em nuvens do tipo cumulonimbus, com desenvolvimento vertical, com correntes de vento convectivas ascendentes muito velozes”, diz Gilsânia. A velocidade do vento leva a água com rapidez para as partes mais frias da nuvem (abaixo de 0°C), causando o congelamento. Quanto mais forte for o transporte da água dentro da nuvem (chamado de turbulência), maiores serão as pelotas de gelo precipitadas. Pelotas de gelo com tamanho de até 5 milímetros são chamadas de granizo e, acima disso, de saraiva.

Pelotas de até 5 milímetros são chamadas de granizo

Mais informações: Gilsânia Cruz, meteorologista da Epagri/Ciram – (48) 3665 5007.